tag:blogger.com,1999:blog-58484215240812206902023-11-16T15:31:03.351+00:00Escrito no SomVira o disco e não toca o mesmoJL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comBlogger433125tag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-30307030864241327632021-03-01T23:32:00.003+00:002021-03-01T23:50:02.410+00:00Home Sweet Home<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHfPVCyZDtj0urkbw6kO6UIGRaoPi6MdkU8pLjSOoKmxMkRArEfqgVtuFYUwBKBh5B4AH3aibbm_C32p5TN0nrVKDr_9spSh4vo1hwib8qpr0iDdIcjriXzanEhtUdCxsIqe_tlQmEYVvY//" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1870" data-original-width="1870" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHfPVCyZDtj0urkbw6kO6UIGRaoPi6MdkU8pLjSOoKmxMkRArEfqgVtuFYUwBKBh5B4AH3aibbm_C32p5TN0nrVKDr_9spSh4vo1hwib8qpr0iDdIcjriXzanEhtUdCxsIqe_tlQmEYVvY/w400-h400/image.png" width="400" /></a></div>Os Stooges tomaram de assalto o Rock norte-americano em 1967, dois anos antes do lançamento do seu lendário e seminal álbum homónimo. Em contra-corrente com a onda <i>flower power </i>da época, o quarteto formado por James Osterberg, Dave Alexander e os irmãos Scott e Ron Asheton ganhou notoriedade pelos seus concertos intensos e performances incendiárias. Muito contribuiu para esse (e)feito a presença em palco do vocalista James Osterberg, anteriormente membro dos Iguanas, banda onde adquiriu o nome que o tornou reconhecido universalmente - Iggy Pop.</div><div style="text-align: left;">O primeiro álbum dos Stooges reflectia, acima de tudo, um mal-estar latente na sociedade americana, principalmente da sua juventude. Temas como <i>1969 </i>ou <i>No Fun </i>evidenciavam a corrosão interna provocada pela guerra do Vietname e o entorpecimento geral na ressaca de uma década extasiante.</div><div style="text-align: left;">A música era urgente, pesada e visceral. Agressiva mas emotiva. Um grito de revolta e chamada de atenção. Justamente, o disco de estreia de Detroit foi apelidado <i>proto-punk, </i>lançando as sementes para a germinação das bandas rebeldes que se seguiram. Depois deste Punk <i>avant la lettre</i>, nada seria como antes na música popular.</div><div style="text-align: left;">Um ano depois, em 1970, os Stooges provaram não ser uma banda cuja fórmula se esgotou num poderoso e irrepreensível álbum de estreia. O retorno com <i>Fun House </i>é o pináculo da carreira do grupo, um disco genialmente dilacerante, onde a crueza anterior se torna refinada através de uma produção de estúdio certeira, que capta na perfeição o som vívido da banda e que atinge todos os pontos nevrálgicos.</div><div style="text-align: left;"><i>Down on the Street </i>abre o pano com um Blues gingão que se metamorfoseia em Rock duro, delapidado pela guitarra incisiva de Ron Asheton. Tal como o propulsivo <i>1970</i>, cuja secção rítmica em transe permite à guitarra rasgar seda como uma adaga.</div><div style="text-align: left;">Os gloriosamente caóticos e intensos <i>Loose </i>e <i>T.V. Eye </i>arrastam o ouvinte para um abandono eléctrico, difícil de recuperar e ao qual apetece sempre regressar e dançar até ao esquecimento. Ainda hoje existem dúvidas se Iggy Pop chegou ao fim de <i>T.V. Eye </i>com a laringe inteira...</div><div style="text-align: left;"><i>Dirt </i>é o único momento de relativa calmaria no turbilhão violento de <i>Fun House. </i>Mas igualmente o mais sombrio. Lenta descida por uma espiral <i>sleazy </i>e narcótica, alcança o mesmo nível de pungência e catarse dos restantes temas.</div><div style="text-align: left;">O tema-título coloca na linha da frente o saxofone feérico de Steve Mackay, músico cujos préstimos garantem um travo ainda mais nocturno e urbano a um disco que tresanda a claustrofobia metropolitana. O cunho jazzístico de <i>Fun House </i>é elevado ao extremo na peça que encerra o álbum. <i>L.A. Blues </i>deixa para trás toda a esperança e sorve-nos para um abismo cacofónico e catatónico, em que Rock e Jazz esgrimem argumentos em furioso improviso. </div><div style="text-align: left;">Mais de 50 anos após a edição de <i>Fun House</i>, é impossível não ficar impressionado e esmagado pela sua ferocidade e intensidade. Além de ser a obra-prima dos Stooges, é um dos melhores discos de Rock de todos os tempos. Muitos tentaram imitar a sua magia negra e fulgurante. Nenhum deles conseguiu.</div><p></p>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-15856936326810358072021-02-28T17:20:00.000+00:002021-02-28T17:20:05.035+00:00Lights, Camera...Revolution!<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifLMvdPidmubpuBTAPqhqvZFfyQPgw6nzY4gd4lKnv9uaU50TmifoT3QXMoIP4M1Xss_bp1jti0mMqNpo0RlCZ6G1_uR0yRwPJNr-QJtSNokIu4IeHpH-lDCn8UT0nmPpesfabjW-kowq0//" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="500" data-original-width="323" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifLMvdPidmubpuBTAPqhqvZFfyQPgw6nzY4gd4lKnv9uaU50TmifoT3QXMoIP4M1Xss_bp1jti0mMqNpo0RlCZ6G1_uR0yRwPJNr-QJtSNokIu4IeHpH-lDCn8UT0nmPpesfabjW-kowq0/w258-h400/image.png" width="258" /></a></div><div><br /></div><br /><p></p><div style="text-align: left;">Melhor que um excelente livro, só mesmo um excelente filme. E vice-versa. <i>Easy Tigers, Raging Bulls</i>, subtitulado <i>How the Sex'n'Drugs'n'Rock'n'Roll Generation Saved Hollywood </i>é uma viagem imersiva e fascinante aos meandros do cinema americano dos anos 60 e 70. Editada originalmente em 1998, esta obra do crítico e historiador do cinema Peter Biskind relata a revolução levada a cabo na Meca da sétima arte no seguimento do pós-Segunda Guerra Mundial e no advento da guerra do Vietname. </div><div style="text-align: left;">Pleno de histórias de bastidores, episódios anedóticos e retratos reais de actores, produtores e realizadores, o livro continua a ser objecto de estudo e culto para todos os cinéfilos e/ou interessados na mudança radical iniciada em Hollywood há 60 anos e perpetrada por<i> beatnicks</i>, <i>hippies</i>, estudiosos entusiastas da Nouvelle Vague francesa e agitadores da contra-cultura norte-americana.</div><div style="text-align: left;">Outro dos méritos de <i>Easy Tigers, Raging Bulls </i>é colocar o leitor como espectador/voyeur no <i>backstage </i>de obras agora seminais e clássicas como <i>Easy Rider</i>, <i>The Exorcist</i>, <i>Taxi Driver </i>ou <i>Apocalypse Now</i>. Os egos, excessos e fragilidade humana das estrelas imaculadamente imortalizadas no grande ecrã desfilam em parada e, até à data, são alvo de controvérsia e acusações de falta de veracidade.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><i>Easy Tigers, Raging Bulls</i> foi objecto de um filme documental em 2003, realizado por Kenneth Bowser e narrado pelo actor William H. Macy. A película constitui um complemento essencial e bem estruturado à obra escrita, contendo depoimentos interessantes e sumarentos de alguns dos principais intervenientes.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Em suma, ambos os documentos proporcionam um trajecto revelador e exaustivo através de uma das épocas mais inovadoras e marcantes do cinema, não só norte-americano, mas mundial. Muito da cultura popular actual e do nosso imaginário colectivo foi construído com base nos filmes desta era dourada/tresloucada. Afinal, quem nunca olhou para o espelho e lançou um "<i>Are you talking to me?</i>"</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/xy54nQj8B8Q" width="560"></iframe>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-56181414031334162742021-02-09T19:00:00.003+00:002021-02-09T19:09:02.734+00:00Good & Bad Vibrations<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEity4HC5kJrfcuzRGe7cW-mX9A0x_u7MtWScS5atG22n_C3OsQPRyvAvOMUBrWMKUSXJs6lX-LNh_6GmHtZKNzDNfvs9vfX9Q1EK8mDqQZRdNtxeLBMOpMd7mCf6xUHR8HycHM6TBecXVjA//" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="500" data-original-width="326" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEity4HC5kJrfcuzRGe7cW-mX9A0x_u7MtWScS5atG22n_C3OsQPRyvAvOMUBrWMKUSXJs6lX-LNh_6GmHtZKNzDNfvs9vfX9Q1EK8mDqQZRdNtxeLBMOpMd7mCf6xUHR8HycHM6TBecXVjA/w260-h400/image.png" width="260" /></a></div><div><br /></div><br /><p></p><div style="text-align: left;"><i>I am Brian Wilson </i>narra a fascinante história do génio musical e criativo que orquestrou a elevação dos Beach Boys a um dos grupos mais marcantes da história da música popular. Escrito na sequência de uma série de entrevistas com o romancista e jornalista Ben Greenman, é uma biografia cândida e intimista que nos ajuda a penetrar na mente tão brilhante como conturbada de um dos maiores escritores de canções vivos.</div><div style="text-align: left;">Através das memórias sem filtro de Brian Wilson, o livro transporta-nos ao longo de uma vida em montanha russa. Períodos incómodos e sombrios - como a relação com o pai abusivo na infância e com o violento e manipulador psiquiatra Eugene Landy -, contrastam com momentos gloriosos e luminosos - a criação da obra-prima <i>Pet Sounds </i>e o casamento com Melinda Ledbetter.</div><div style="text-align: left;"><i>I am Brian Wilson </i>subdivide-se em capítulos intitulados de forma prosaica e directa: <i>Fear</i>, <i>Sun</i>, <i>America</i>, <i>Time</i>... Ao longo de cada um deles, o músico revela a história da sua vida de forma simples e apaixonada, num deslumbramento quase infantil.</div><div style="text-align: left;">A relação com a música ganha óbvio lugar de destaque, sendo fascinante/desconcertante a forma como Wilson descreve as suas inspirações e influências, bem como o método de criação de temas considerados imortais, como os excelsos <i>God Only Knows </i>ou <i>Good Vibrations</i>.</div><div style="text-align: left;"><i>I am Brian Wilson </i>é uma obra fundamental para entender um artista tantas vezes incompreendido como homem e a forma como a arte pode ser um fardo e uma libertação, um anjo e um demónio. As boas e as más vibrações sucedem-se ao longo desta fascinante existência, numa luta constante contra o fantasma da fragilidade psíquica e em busca da paz. </div><div style="text-align: left;">Neste Inverno que parece nunca mais ter fim e em que a esperança se torna fundamental para enfrentar tempos de doença e medo, estas páginas recuperam memórias de dias felizes, solarengos, de praia e de mar, Verões que a música de Brian Wilson ajudou de sobremaneira a cristalizar no imaginário colectivo. Esperemos que tais dias despreocupados voltem depressa e que as nuvens no horizonte não sejam mais que isso.</div>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-25560786853885787322021-02-06T18:28:00.000+00:002021-02-06T18:28:05.976+00:00Kosmische Kosmetik LVII<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXS4hQXyjKCKl5Y9zJzv7MieDsaTeCd3MWtm4XuxSaFyYMAhaXflthkVwFvL2fi_W2SSdT7x4GBCUpYj0nPjM9WXwS10-7UncaQ64bU8-V7f2O0cZxCtRWAaikXBSGBC9pFwiJt0JURcCU//" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" data-original-height="300" data-original-width="300" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXS4hQXyjKCKl5Y9zJzv7MieDsaTeCd3MWtm4XuxSaFyYMAhaXflthkVwFvL2fi_W2SSdT7x4GBCUpYj0nPjM9WXwS10-7UncaQ64bU8-V7f2O0cZxCtRWAaikXBSGBC9pFwiJt0JURcCU/w400-h400/image.png" width="400" /></a></div><div style="text-align: left;">O outro projecto musical do multi-instrumentalista alemão <a href="http://escritonosom.blogspot.com/2021/02/kosmische-kosmetik-lvi.html" target="_blank">Nico Seel</a> intitula-se The Space Spectrum. Aqui, o seu <i>alter ego </i>escapa às influências rítmicas maquinais e à austeridade melódica, enveredando por uma vertente assumidamente cósmica e psicadélica.</div><div style="text-align: left;">The Space Spectrum é forjado na encruzilhada onde o Krautrock e o Space Rock se encontram. Desta feita, as referências imediatas centram-se nos Hawkwind e nos Pink Floyd dos primórdios, mas o improviso <i>trippy </i>de conterrâneos como Amon Düül II encontra-se igualmente latente ao longo dos dez álbuns já editados com o selo do projecto.</div><div style="text-align: left;">O primeiro deles, denominado <i>Cosmic Sounds</i>, remonta a 2011. Tal como na <i>one man band </i>Krautwerk, Nico Seel assegura todos os instrumentos audíveis no disco. A solidão artística imperou até 2013, altura em que, ao sexto álbum, os Space Spectrum se transformaram num quarteto, deixando para trás a aura artesanal, porém charmosa, que caracterizava a sua obra até então.</div><div style="text-align: left;"><i>Cosmic Sounds </i>é um disco pesado e denso, que cobre o ouvinte com um frio manto espacial e o embala ao longo das eternas trevas cósmicas. É composto por quatro longas peças instrumentais, aparentemente indistintas entre si, mas que se desdobram em subtis nuances. <i>The Dead Cosmonaut </i>avança, em constante propulsão, como nave desgovernada a orbitar o vazio. O ritmo é árido. As guitarras, fustigantes.</div><div style="text-align: left;"><i>Lunatic Moon </i>recupera os Hawkwind da fase mais abrasiva - por alturas de <i>Doremi Fasol Latido</i> - e engole-nos numa espiral de guitarras minimais, ritmos hipnóticos e apontamentos electrónicos que vibram como <i>flashes </i>luminosos num escuro caminho.</div><div style="text-align: left;"><i>The Giant Orbit </i>é a peça central de <i>Cosmic Sounds. </i>Tema colossal, é dominado por um <i>riff </i>de guitarra circular e penetrante, ritmos que variam entre o arrastado e o marcial, e a subtil mas omnipresente ornamentação electrónica, que povoa o disco e acentua o psicadelismo gélido da sonoridade.</div><div style="text-align: left;">A fechar, <i>Sleeping Moon</i> acentua a atmosfera desoladora contemplada ao longo de todo o disco. Move-se lentamente, em ritmo funéreo, e as notas da guitarra caem como elegíacas gotas de cristal.</div><div style="text-align: left;"><i>Cosmic Sounds </i>é, acima de tudo, o trabalho de um devoto. De um purista que almeja homenagear as suas raízes musicais e, dessa forma, sentir-se mais próximo e comungar do seu universo. Nico Seel conseguiu tal feito aqui, exemplarmente. Pode sentir-se orgulhoso.</div><p></p>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-40060018486662108932021-02-06T15:13:00.003+00:002021-02-06T15:40:03.758+00:00Kosmische Kosmetik LVI<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCkXOAAKe1Uk1MMcNvQBtW4C9XgfuFnmn4qMdzKhbzuSqQYukJL_NOlR18xo3Tyx6qL0CfyqL6Q4i4j0K_omB_hSo8CI-o7nZeRMZtsqX_Yflh7o-9RDAM3spjzXK1Ro6fhJasZzvHXipb//" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="700" data-original-width="700" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCkXOAAKe1Uk1MMcNvQBtW4C9XgfuFnmn4qMdzKhbzuSqQYukJL_NOlR18xo3Tyx6qL0CfyqL6Q4i4j0K_omB_hSo8CI-o7nZeRMZtsqX_Yflh7o-9RDAM3spjzXK1Ro6fhJasZzvHXipb/w400-h400/image.png" width="400" /></a></div><div style="text-align: left;">O nome não podia ser mais óbvio e, no entanto, soa descaradamente a lugar-comum: Krautwerk. Bebe do movimento musical alemão e de um dos seus grupos seminais. Trata-se de uma <i>one man band </i>criada por Nico Seel, projecto essencialmente artesanal que tem debitado discos em cadência constante desde 2014. </div><div style="text-align: left;">Além dos Kraftwerk como óbvia referência, o músico germânico presta reverência aos Neu!, e aos Can ao longo dos 7 álbuns lançados até à data, sendo o responsável pela execução de todos os instrumentos que compõem a sua tapeçaria sonora. Todas as obras apresentam semelhanças em termos de forma e conteúdo, constituindo peças quase académicas na forma como estudam e depuram o núcleo da sonoridade austera, motorizada, mas igualmente melódica e emotiva, encapsulada no melhor Krautrock.</div><div style="text-align: left;"><i>1971 </i>é o nome do primeiro álbum de Nico Seel sob o pseudónimo Krautwerk. Explorá-lo auditivamente é uma experiência deveras desconcertante, porém fascinante. Dir-se-ia estarmos perante um disco perdido dos Neu!, gravado algures entre <i>Neu!2 </i>e <i>Neu!75</i>, que ficou conservado em âmbar numa cave escura e foi milagrosamente redescoberto em 2014.</div><div style="text-align: left;">Ao longo de seis peças, somos transportados por um maravilhoso mundo de guitarras reverberantes, ritmos <i>motorik</i>, melodias intrusivas<i> </i>e constantes momentos de deleite abandónico.</div><div style="text-align: left;">Os temas que compõem <i>1971 </i>não têm título, somente um número. Provavelmente porque o álbum deve ser ouvido como ou todo, exercendo, dessa forma, o seu poder hipnótico e físico. Tal como o melhor dos Neu!, este disco aponta miras ao cérebro e ao corpo em simultâneo, alimentando ambos por igual e convidando a um escapismo sedutor e sem efeitos perniciosos.</div><div style="text-align: left;">Em adição aos seis poderosos e irrepreensíveis temas originais de <i>1971</i>, as novas edições do álbum contêm mais dois temas, igualmente sem nome e identificadas como <i>VII</i> e <i>VIII. </i>Pese embora apresentarem uma toada mais agressiva e decorada por elementos electrónicos, ambos apenas ajudam a prolongar o prazer sensorial dos apreciadores de tais sonoridades.</div><div style="text-align: left;">Pode ser uma <i>pastiche </i>descarada dos Neu!. Pode ser uma respeitosa homenagem ao duo composto pelo malogrado baterista Klaus Dinger e o guitarrista Michael Rother. Pode ser ainda uma tentativa de replicar a sonoridade dos mesmos em pleno século XXI. Sendo isso tudo, ou nada disso, <i>1971 </i>é um absoluto deleite.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><p></p>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-15379817129632921732021-01-20T19:18:00.001+00:002021-01-20T19:45:03.608+00:00Kosmische Kosmetik LV<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIgLuIBBsJ5OGnbO2jjwLv-eM5g6wqy0siYMQdwCj9SW1pkqG9QiIQhDdmWze-Oo57ptXkQa6k2FNaC6tKxVxA7DuA7j1nqLnr6ACQiRt7-vz8sWol8gYJ1gXmRcb2odk1zbQ0KVbS2qEz//" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIgLuIBBsJ5OGnbO2jjwLv-eM5g6wqy0siYMQdwCj9SW1pkqG9QiIQhDdmWze-Oo57ptXkQa6k2FNaC6tKxVxA7DuA7j1nqLnr6ACQiRt7-vz8sWol8gYJ1gXmRcb2odk1zbQ0KVbS2qEz/w400-h400/image.png" width="400" /></a></div><div style="text-align: left;">Da fornada de projectos que compõem a nova vaga do Krautrock, os Electric Orange ocupam lugar de destaque. Formados em 1992, lançaram, até à data, mais de uma dezena de álbuns, todos revestidos de considerável consistência.</div><div style="text-align: left;">As influências da banda são óbvias e assentam nos cânones omnipresentes do género. Contudo, além de elementos electrónicos derivativos dos Tangerine Dream ou da complexidade rítmica repetitiva dos Can, denota-se a presença subtil de laivos neo-psicadélicos, presentes em grupos como os Ozric Tentacles ou os Loop.</div><div style="text-align: left;">É difícil apontar um pináculo na perene discografia dos Electric Orange. Não obstante, <i>Volume 10</i>, álbum editado em 2014, merece especial destaque.</div><div style="text-align: left;">Desde logo, evidenciam-se perante o melómano mais atento as referências aos Black Sabbath, embora a banda germânica não siga as pisadas dos mestres metaleiros. O título do álbum pisca o olho a <i>Vol. 4</i>, quarto disco da banda de Birmingham, e os títulos dos temas envolvem estranhos jogos de palavras com clássicos Sabbathianos como <i>Paranoid </i>(aqui adulterado para <i>Paraboiled</i>), <i>Snowblind </i>(transformado em <i>Slow Bind</i>) ou <i>Sweet Leaf </i>(aqui denominado <i>Suite Beef</i>).</div><div style="text-align: left;">Se a música presente em<i> Volume 10 </i>não é, de todo, reminiscente de tendências Heavy-Metal, revela uma aura sombria e doses generosas de <i>grooves </i>penetrantes e obnubilantes. A toada é pulsante e constante ao longo do disco, cujas oito peças parecem unir-se simbioticamente, revelando pontuais trechos de destaque.</div><div style="text-align: left;">A parafernália instrumental é extensa, conjugando violino e bandolim com Moog e Mellotron, entre outras promiscuidades sónicas. </div><div style="text-align: left;"><i>Paraboiled </i>inicia as hostilidades num lento torpor ritualista, quase tribal, que aumenta de intensidade no tema seguinte - <i>Slowblind</i>. <i>Symptom of the Mony Nurse </i>projecta a guitarra para primeiro plano, a qual investe por entre teclados serpenteantes e desemboca em <i>Suite Beef</i>, devaneio em animação suspensa num vácuo escuro, porém etéreo. A vaga melodia hipnótica cola-se à peça seguinte, <i>A Tuna Sunrise</i>, onde guitarra acústica e Mellotron cintilam na escuridão.</div><div style="text-align: left;"><i>Behind the Wall of Sheep </i>retorna aos ritmos circulares e insistentes do início, induzindo ao transe e ao abandono, elevando-se tempestuosamente, para depois cair num murmúrio arrastado, resgatado por ecos electrónicos. <i>Seven and Smell </i>é um interlúdio evanescente, coberto por uma batida marcial. Segue-se <i>Worn Utopia</i>, tema que encerra o disco de forma solene e sombria, dominado por rasgos de improviso que se extinguem no ritmo esquelético e no órgão inerte que anunciam o fim.</div><div style="text-align: left;"><i>Volume 10 </i>é para ser consumido de uma assentada. Mais que um disco, é uma viagem musical, uma longa e estranha <i>trip</i>, que prova que a era dourada do Krautrock não se extinguiu na década de 70 do século XX e ainda pode ser reavivada.</div><div style="text-align: left;"><br /></div>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-81239530031765833092021-01-14T20:35:00.000+00:002021-01-14T20:35:07.365+00:00Peixeirada<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeTTWpPDI0mklDfYGcwxdAmwq5pMzyzNRs9HLa74rIspfL_eI0lcXaGZcMh77thupYkelaCrjfg2pqM8ty6O6_tZuQB9OYD_55rgyZmFnlpDcoMbyqDju3wII_pe5D2PP1jxFvmgPdpl5E/s601/R-5853724-1404688212-7061.jpeg.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="601" data-original-width="600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeTTWpPDI0mklDfYGcwxdAmwq5pMzyzNRs9HLa74rIspfL_eI0lcXaGZcMh77thupYkelaCrjfg2pqM8ty6O6_tZuQB9OYD_55rgyZmFnlpDcoMbyqDju3wII_pe5D2PP1jxFvmgPdpl5E/w399-h400/R-5853724-1404688212-7061.jpeg.jpg" width="399" /></a></div><p></p>Antes de aventurar-se numa carreira a solo, Steve Hillage teve o privilégio de tocar com a <i>crème de la crème </i>do rock progressivo britânico no auge do seu maior fulgor criativo.<div>Tendo iniciado o seu percurso nos obscuros blues rockers Uriel, o guitarrista fez parte da fundação dos Khan (grupo menos preponderante da cena de Canterbury, mas interessante na forma e no conteúdo), integrou a banda de Kevin Ayers e fixou-se nos Gong. Foi neste colectivo que Hillage verdadeiramente desabrochou, fazendo parte do seu <i>line-up</i> mais afamado e acompanhando a sua fase mais excitante e arrojada.</div><div><i>Fish Rising</i>, a estreia a solo do músico, viu a luz em 1975, já depois da sua partida dos Gong, mas contando com a colaboração de vários elementos do grupo.</div><div>Simultaneamente expansivas e sofisticadas, as cinco peças que compõem o álbum efluem com um embalo aquático, ora errando ao sabor de texturas complexas e mudanças de ritmo imprevisíveis, ora mergulhando em ambiências intra-uterinas.</div><div>Majestoso e suavemente psicadélico, <i>Solar Musick Suite </i>é o tema que abre o disco e nos franqueia as portas para um mundo de deleites auditivos. Uma mini-sinfonia dividida em quatro partes e que se espraia por mais de um quarto de hora, mantendo-se constantemente apelativa e mesmérica. A guitarra de Steve Hillage sente-se como peixe na água, umas vezes serpenteando através de calmas correntes, outras elevando-se por entre fortes vagas.</div><div>Seguem-se <i>Fish</i> e <i>Meditation of the Snake</i>, interlúdios formados por estilhaços de improviso e que servem de ponte caleidoscópica para a extática e serpenteante <i>The Salmon Song</i>. Peça onde a guitarra de Hillage se transmuta em gingares de rock e clamores psicadélicos.</div><div><i>Aftaglid </i>encerra o álbum na mesma senda, conjurando a imensidão cósmica e o abandono lisérgico dos Gong. A guitarra entrelaça-se com teclados que oscilam entre o planante e o reverberante, nadando como golfinhos, até ao súbito mergulho final.</div><div>A reedição do disco datada de 2007 acrescentou-lhe dois temas suplementares: o primeiro é um belo exercício de rock espacial, adornado por sopros ziguezagueantes e pela voz de Hillage em modo xamânico, denominado <i>Pentagrammaspin</i>. O segundo é uma versão remasterizada de <i>Aftaglid</i>, que não acrescenta nada de extraordinário ao original, mas que se consome com idêntico gosto.</div><div><i>Fish Rising </i>foi o primeiro e inspirado tomo de uma obra extensa e multifacetada, de um músico que tem ultrapassado fronteiras e unido territórios musicais distintos ao longo dos anos, nomeadamente interessantes aproximações à música electrónica. Neste sentido, importa recordar que Steve Hillage foi uma personagem importante no advento da <i>rave culture </i>de finais dos anos 80, tendo formado com Miquette Giraudy (sua colaboradora desde os tempos dos Gong) o seminal duo System 7. Mas isso são outros quinhentos.</div><div><br /></div>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-22539999958292932192021-01-08T20:44:00.001+00:002021-01-08T20:53:25.010+00:002010-2019: A Soundtrack<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1sYiPKQtVrtBbTlhJvFX3XXdQVD389HDl3Y2wIR631he1yE701tGqYYz0wfiVIr7Wn1sMlyyEgbxUEgiyKBOLHrXAYprYrIbHNNYYmi80-aVFa40_deJ7kAcBa6xrPzSRXE007pzFCTC5//" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="653" data-original-width="768" height="544" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1sYiPKQtVrtBbTlhJvFX3XXdQVD389HDl3Y2wIR631he1yE701tGqYYz0wfiVIr7Wn1sMlyyEgbxUEgiyKBOLHrXAYprYrIbHNNYYmi80-aVFa40_deJ7kAcBa6xrPzSRXE007pzFCTC5/w640-h544/image.png" width="640" /></a></div><br /><br /><p></p><p style="text-align: left;">Ainda não se sabe verdadeiramente quando a nova década arranca. Para uns já começou, para outros apenas terá início em 2021. Tendo como referência o <a href="https://www.nytimes.com/2019/11/28/us/what-is-decade.html" target="_blank">New York Times</a> (porque teria que haver uma), a década terminou em 2019. Assim sendo, não poderia deixar de elaborar a lista dos discos que mais me marcaram nos 10 anos que passaram e os que mais revisito. Provavelmente 100 álbuns serão demasiados, mas o mais difícil foi deixar de fora tanta música de qualidade, bela e arrojada, vincada nas suas raízes ou desbravando novos caminhos. Ouçamos, então, sem imperativos de ordem ou tempo.</p><p style="text-align: left;"><br /></p><p style="text-align: left;">1. LCD Soundsystem - American Dream (2017)</p><p style="text-align: left;">2. Kanye West - My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010)</p><p style="text-align: left;">3. David Bowie - Blackstar (2016)</p><p style="text-align: left;">4. Nick Cave and the Bad Seeds - Ghosteen (2019)</p><p style="text-align: left;">5. PJ Harvey - Let England Shake (2011)</p><p style="text-align: left;">6. Idles - Joy as an Act of Resistance (2018)</p><p style="text-align: left;">7. The War on Drugs - Lost in the Dream (2014)</p><p style="text-align: left;">8. My Bloody Valentine - MBV (2013)</p><p style="text-align: left;">9. Julia Holter - Have You in My Wilderness (2015)</p><p style="text-align: left;">10. Scott Walker - Bish Bosch (2012)</p><p style="text-align: left;">11. Bon Iver - Bon Iver (2011)</p><p style="text-align: left;">12. Nick Cave and the Bad Seeds - Skeleton Tree (2016)</p><p style="text-align: left;">13. Vampire Weekend - Modern Vampires of the City (2013)</p><p style="text-align: left;">14. Swans - The Seer (2012)</p><p style="text-align: left;">15. Low - Double Negative (2018)</p><p style="text-align: left;">16. Jamie XX - In Colour (2015)</p><p style="text-align: left;">17. St. Vincent - St. Vincent (2014)</p><p style="text-align: left;">18. Radiohead - A Moon Shaped Pool (2016)</p><p style="text-align: left;">19. Weyes Blood - Titanic Rising (2019)</p><p style="text-align: left;">20. The National - High Violet (2011)</p><p style="text-align: left;">21. Tame Impala - Lonerism (2012)</p><p style="text-align: left;">22. James Blake - James Blake (2011)</p><p style="text-align: left;">23. Aphex Twin - Syro (2014)</p><p style="text-align: left;">24. FKA Twigs - Magdalene (2019)</p><p style="text-align: left;">25. Sufjan Stevens - Carrie & Lowell (2015)</p><p style="text-align: left;">26. Kendrick Lamar - DAMN. (2017)</p><p style="text-align: left;">27. Julia Holter - Loud City Song (2013)</p><p style="text-align: left;">28. Sons of Kemet - Your Queen is a Reptile (2018)</p><p style="text-align: left;">29. Beyoncé - Lemonade (2016)</p><p style="text-align: left;">30. John Grant - Queen of Denmark (2012)</p><p style="text-align: left;">31. Beach House - Bloom (2012)</p><p style="text-align: left;">32. Tom Waits - Bad as Me (2011)</p><p style="text-align: left;">33. Kendrick Lamar - To Pimp a Butterfly (2015)</p><p style="text-align: left;">34. Lana del Rey - Norman Fucking Rockwell (2019)</p><p style="text-align: left;">35. Janelle Monáe - Dirty Computer (2018)</p><p style="text-align: left;">36. Arcade Fire - The Suburbs (2010)</p><p style="text-align: left;">37. The War on Drugs - A Deeper Understanding (2017)</p><p style="text-align: left;">38. Angel Olsen - My Woman (2016)</p><p style="text-align: left;">39. Arctic Monkeys - AM (2013)</p><p style="text-align: left;">40. Arcade Fire - Reflektor (2014)</p><p style="text-align: left;">41. Solange - A Seat at the Table (2016)</p><p style="text-align: left;">42. Mitski - Be the Cowboy (2018)</p><p style="text-align: left;">43. Frank Ocean - Channel Orange (2012)</p><p style="text-align: left;">44. The Comet is Coming - Trust in the Lifeforce of the Deep Mystery</p><p style="text-align: left;">45. Slowdive - Slowdive (2017)</p><p style="text-align: left;">46. Joanna Newsom - Have One On Me (2010)</p><p style="text-align: left;">47. Savages - Silence Yourself (2013)</p><p style="text-align: left;">48. Kendrick Lamar - good kid, m.A.A.d city (2012)</p><p style="text-align: left;">49. Kanye West - Yeezus (2013)</p><p style="text-align: left;">50. Robyn - Body Talk (2010)</p><p style="text-align: left;">51. The Weeknd - House of Baloons (2011)</p><p style="text-align: left;">52. Fiona Apple - The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do (2012)</p><p style="text-align: left;">53. Grimes - Visions (2012)</p><p style="text-align: left;">54. Daft Punk - Random Access Memories (2013)</p><p style="text-align: left;">55. David Bowie - The Next Day (2013)</p><p style="text-align: left;">56. Father John Misty - I Love You, Honeybear (2015)</p><p style="text-align: left;">57. The National - Sleep Well Beast (2017)</p><p style="text-align: left;">58. LCD Soundsystem - This is Happening (2010)</p><p style="text-align: left;">59. Anohni - Hopelessness (2016)</p><p style="text-align: left;">60. Purple Mountains - Purple Mountains (2019)</p><p style="text-align: left;">61. Mount Eerie - A Crow Looked At Me (2017)</p><p style="text-align: left;">62. Sun Kil Moon - Benji (2014)</p><p style="text-align: left;">63. Tame Impala - Currents (2015)</p><p style="text-align: left;">64. D'Angelo and the Vanguard - Black Messiah (2014)</p><p style="text-align: left;">65. Beach House - Teen Dream (2010)</p><p style="text-align: left;">66. Frank Ocean - Blonde (2016)</p><p style="text-align: left;">67. Grimes - Art Angels (2015)</p><p style="text-align: left;">68. Swans - To Be Kind (2014)</p><p style="text-align: left;">69. Courtney Bartnett - Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit (2015)</p><p style="text-align: left;">70. Kamasi Washington - The Epic (2015)</p><p style="text-align: left;">71. Björk - Vulnicura (2015)</p><p style="text-align: left;">72. Nick Cave and the Bad Seeds - Push the Sky Away (2013)</p><p style="text-align: left;">73. Deerhunter - Halcyon Digest (2010)</p><p style="text-align: left;">74. FKA Twigs - LP 1 (2014)</p><p style="text-align: left;">75. Fountains D.C. - Dogrel (2019)</p><p style="text-align: left;">76. The Antlers - Burst Apart (2011)</p><p style="text-align: left;">77. Bon Iver - 22, A Million (2016)</p><p style="text-align: left;">78. Gil Scott-Heron - I'm New Here (2010)</p><p style="text-align: left;">79. Lorde - Melodrama (2017)</p><p style="text-align: left;">80. Bill Callahan - Shepherd in a Sheepskin Vest (2019)</p><p style="text-align: left;">81. Arca - Arca (2017)</p><p style="text-align: left;">82. Khruangbin - Con Todo El Mondo (2018)</p><p style="text-align: left;">83. Lana del Rey - Born to Die (2012)</p><p style="text-align: left;">84. Leonard Cohen - You Want it Darker (2016)</p><p style="text-align: left;">85. Björk - Utopia (2017)</p><p style="text-align: left;">86. Shame - Songs of Praise (2018)</p><p style="text-align: left;">87. Jlin - Dark Energy (2015)</p><p style="text-align: left;">88. St. Vincent - Strange Mercy (2011)</p><p style="text-align: left;">89. Angel Olsen - All Mirrors (2019)</p><p style="text-align: left;">90. Oneohtrix Point Never - Replica (2011)</p><p style="text-align: left;">91. Real Estate - Atlas (2014)</p><p style="text-align: left;">92. Billie Eilish - When We Fall Asleep, Where Do We Go? (2019)</p><p style="text-align: left;">93. Kate Bush - 50 Words for Snow (2011)</p><p style="text-align: left;">94. Drake - Take Care (2011)</p><p style="text-align: left;">95. The Knife - Shaking the Habitual (2013)</p><p style="text-align: left;">96. Grouper - Ruins (2014)</p><p style="text-align: left;">97. Preoccupations - New Material (2018)</p><p style="text-align: left;">98. 75 Dollar Bill - I Was Real (2019)</p><p style="text-align: left;">99. Laurel Halo - Quarantine (2012)</p><p style="text-align: left;">100. James Ferraro - Far Side Virtual (2011)</p><p style="text-align: left;"><br /></p>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-623854916399592112021-01-02T18:10:00.010+00:002021-01-02T19:09:02.856+00:002020: A Soundtrack<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Eh3LOLA7O0CewMnPiMyzCZh7ggzK7LN1Glbu6uw7Hwdua6RxaOT3Jf-prGOmsu9BFFdWJn52Ck7L8UbzJXEiE8zuR6LziejSjV1ok1Lcewh9T94oE0mtHMSM4bFDUDMYYoRRiLActUfh//" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Eh3LOLA7O0CewMnPiMyzCZh7ggzK7LN1Glbu6uw7Hwdua6RxaOT3Jf-prGOmsu9BFFdWJn52Ck7L8UbzJXEiE8zuR6LziejSjV1ok1Lcewh9T94oE0mtHMSM4bFDUDMYYoRRiLActUfh/w400-h400/image.png" width="400" /></a></div><div><br /></div><br /><p></p><p>2020 não foi o pior ano da minha vida. Mas foi, seguramente, o mais estranho. Vazio, paranóico e claustrofóbico. Senti falta das pessoas que mais me importam, das noites despreocupadas, dos cinemas e dos concertos. Compensei usando e abusando da praia e do mar. Mas confesso perversamente que o confinamento forçado permitiu-me ler mais que o antes permitido, ouvir mais música e ver filmes que guardava teimosamente para a "altura ideal". Este ano provou que não existem alturas ideais para nada. Somente o tempo presente. O tempo para fazer o que queremos e o que precisamos. O futuro é incerto, mas guarda sempre a esperança. O passado uma lição que não pode ser esquecida. Crendices e superstições voltaram a proclamar o fim. A ciência, mais uma vez, trouxe a razão. Quando a ciência falha, pede desculpa. Quando a religião falha, arranja desculpas. Este não será, certamente, o fim. Mas também não será o princípio de tempos beatíficos. O conflito existe, é constante. Os retrocessos ao obscurantismo igualmente, seja apregoando castigos divinos ou invocando o fantasma do fascismo. Esperemos que os seres humanos esclarecidos saibam exorcizar as trevas e a desunião.</p><p style="text-align: left;"></p><div style="text-align: left;">A música foi, obviamente, muito importante no atípico ano de 2020. Mas nem melhor ou pior que antes. Nenhuma obra-prima esmagou a concorrência ou erigiu, <i>per si</i>, um monumento sonoro indelével. Merece destaque o colectivo britânico Sault, cujos dois álbuns editados no ano que passou condensaram magistralmente o melhor da música afro-descendente, em tempos de inusitado retorno de conflitos raciais. Bob Dylan provou uma vez mais o seu estatuto de mestre intemporal, sempre a gravitar em torno de modas e tendências, mas a cravar o veneno das suas palavras misteriosas e poéticas sem rival à altura. Desde o magnífico <i>Time Out of Mind </i>que Dylan não reunia um conjunto de canções tão esmagadoras. Esperemos que não seja o canto do cisne de voz agreste.<br />Fiona Apple reuniu igualmente consenso, com mais uma obra onde o experimentalismo e a emoção se conjugam de forma intensa e visceral, merecendo todos os louvores que lhe foram dirigidos.<br />O Jazz esteve igualmente em destaque. Talvez não aquele que mais agrade aos puristas do género, mas sim através de um estilo ramificado, fusional e aventureiro, favorecendo o futurismo em detrimento do hermetismo.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Foram estes os discos que me acompanharam ao longo do ano zero do surto pandémico. Não me livraram do cepticismo esperançoso, mas farão parte da memória destes tempos de incerteza.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">1. Sault - Untitled (Black Is)</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">2. Sault - Untitled (Rise)</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">3. Bob Dylan - Rough and Rowdy Ways</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">4. Fiona Apple - Fetch the Bolt Cutters</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">5. Perfume Genius - Set My Heart on Fire Immediately</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">6. Fleet Foxes - Shore</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">7. Moses Sumney - Grae</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">8. Fontaines D.C. - A Hero's Death</div><p></p><p>9. Phoebe Bridgers - Punisher</p><p>10. Haim - Women in Music Pt. III</p><p>11. Jessie Ware - What's Your Pleasure?</p><p>12. Porridge Radio - Very Bad</p><p>13. The Strokes - The New Abnormal</p><p>14. Waxahatchee - Saint Cloud</p><p>15. Thundercat - It Is What It Is</p><p>16. Yves Tumor - Heaven To A Tortured Mind</p><p>17. Beatrice Dillon - Workaround</p><p>18. Destroyer - Have We Met</p><p>19. Taylor Swift - Folklore</p><p>20. Jarv Is... Beyond the Pale</p><p>21. Tame Impala -The Slow Rush</p><p>22. Moses Boyd - Dark Matter</p><p>23. Róisín Murphy - Róisín Machine</p><p>24. The Weeknd - After Hours</p><p>25. Run the Jewels - RTJ4</p><p>26. Nubya Garcia - Source</p><p>27. The Flaming Lips - American Head</p><p>28. Bill Callahan - Gold Record</p><p>29. Idles - Ultra Mono</p><p>30. The Soft Pink Truth - Shall We Go On Sinning So That Grace May Increase?</p><p>31. Laura Marling - Song For Our Daughter</p><p>32. Sparks - A Steady Drip, Drip, Drip</p><p>33. Grimes - Anthropocene</p><p>34. U.S. Girls - Heavy Light</p><p>35. Khruangbin - Mordechai</p><p>36. Bill Fay - Countless Branches</p><p>37. Arca - KiCk i</p><p>38. Oneohtrix Point Never - Magic Oneohtrix Point Never</p><p>39. Shabaka and the Ancestors - We Are Sent Here By History</p><p>40. Nick Cave - Idiot Prayer: Nick Cave Alone at Alexandra Palace</p><p>41. Rose City Band - Summerlong</p><p>42. The Microphones - Microphones in 2020</p><p>43. Hum - Inlet</p><p>44. Jeff Parker - Suite for Max Brown</p><p>45. Mourning [A] Blackstar - The Cycle</p><p>46. Moor Mother - Circuit City</p><p>47. William Basinski - Lamentations</p><p>48. Adrianne Lenker - Songs</p><p>49. Adrianne Lenker - Instrumentals</p><p>50. Kelly Lee Owens - Inner Song</p><p><br /></p>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-74093083330022461932020-03-01T20:35:00.000+00:002020-03-01T20:35:03.555+00:00Post-Post-Punk<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://d1w7fb2mkkr3kw.cloudfront.net/assets/images/book/lrg/9780/5713/9780571337972.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para meet me in the bathroom book" border="0" src="https://d1w7fb2mkkr3kw.cloudfront.net/assets/images/book/lrg/9780/5713/9780571337972.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<i>Meet Me in the Bathroom - Rebirth and Rock and Roll in New York City 2001-2011</i>, livro da jornalista norte-americana Lizzy Goodman, narra a história de um dos períodos musicalmente mais férteis do século XXI.</div>
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Tendo como elemento catalisador o infame 11 de Setembro de 2001, a obra descreve como uma série de projectos e bandas iconoclastas ergueram uma cidade em stress pós-traumático através da música e do seu poder catártico.</div>
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<i>Meet Me in the Bathroom </i>ergue-se a partir de mais de 200 entrevistas conduzidas pela jornalista aos nomes que despontavam e, entretanto, se cimentaram como referências do Rock alternativo nova-iorquino.</div>
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Perante o negrume histórico envolvente, é impossível não considerar a ascensão de colectivos como LCD Soundsystem, Strokes, Yeah Yeah Yeahs, Interpol ou Vampire Weekend como elementos reactivos e derivativos do Post-Punk surgido três décadas antes.</div>
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Tendo a <i>hipster</i> Brooklyn como epicentro de uma revolução que começou por mudar a paisagem musical da Big Apple para depois contaminar o mundo, esta história fascinante é leitura obrigatória para quem sentiu e escutou <i>in loco </i>a pulsação vibrante desta época, bem como para melómanos neófitos, gulosos por uma boa fatia de sonoridades suculentas.</div>
JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-19188288146696388022020-03-01T18:34:00.002+00:002020-03-01T18:34:39.947+00:00Bush of Fire<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://storage.highresaudio.com/2018/11/29/hrhe5u-remastered-preview-m3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para kate bush cello" border="0" height="400" src="https://storage.highresaudio.com/2018/11/29/hrhe5u-remastered-preview-m3.jpg" width="400" /></a></div>
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Lembro-me da dança espectral, do olhar esgazeado e da voz acrobática de <i>Wuthering Heights</i>. Lembro-me da dança sensual, da guerreira bárbara semi-nua e do refrão infeccioso de <i>Babooshka.</i></div>
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Lembro-me da dança vanguardista e dos olhos que cantam <i>Running Up That Hill </i>sem necessitarem de palavras.</div>
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Lembro-me das canções que vieram a seguir, sempre distantes, sempre familiares, sempre semelhantes a um abraço feminino - seja erótico, maternal ou amigo. Obras brilhantes que me surpreenderam fora de tempo, como <i>Aerial</i> ou <i>50 Words For Snow</i>.</div>
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: left;">
Este documentário da BBC relembrou-me tudo. Kate Bush foi a primeira mulher que me seduziu e deslumbrou. E não há amor como o primeiro.</div>
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<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/c4sLwt8mhZs" width="560"></iframe>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-23575863907293573522020-02-28T17:51:00.000+00:002020-04-16T20:17:00.862+01:00Wörd of Möuth<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://i.pinimg.com/originals/4b/25/ba/4b25baf8cbf084d07458eea52b9c985e.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para motorhead england logo" border="0" height="400" src="https://i.pinimg.com/originals/4b/25/ba/4b25baf8cbf084d07458eea52b9c985e.jpg" width="269" /></a></div>
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<i>The Guts and the Glöry </i>é um documentário de 2005 que retrata a história dos míticos Motörhead. A peculiaridade do filme é que o mesmo assenta, única e exclusivamente, em relatos na primeira pessoa, dos músicos mais importantes da banda britânica.</div>
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Rodado maioritariamente num pub - ambiente mais que típico e apropriado -, <i>The Guts and the Glöry </i>mostra Lemmy, Phil Taylor, Eddie Clark e Phil Campbell a narrarem a sua saga de modo informal e pleno de episódios anedóticos.</div>
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Particularmente interessante é a forma como Lemmy e Phil Taylor vão ficando progressivamente embriagados ao longo do filme. Mais Rock'n'Roll que isto é impossível. Now watch it!</div>
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<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/u2aazPMzKcE" width="560"></iframe>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-83865127010280567202020-02-22T21:07:00.000+00:002020-02-27T00:01:17.034+00:00Sepia Tone Songs<br />
<a href="https://www.popsike.com/pix/20150512/371326372846.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="KENNY KNIGHT - CROSSROADS VINYL LP + DOWNLOAD NEU" border="0" height="400" src="https://www.popsike.com/pix/20150512/371326372846.jpg" width="400" /></a>Perante a capa e o conteúdo de <i>Crossroads - </i>primeira e única obra do norte-americano Kenny Knight -, custa acreditar tratar-se de um disco editado em 1980. Em primeiro lugar, pela pose sonhadora e o look hirsuto a puxar ao <i>hippie </i>do artista; em segundo lugar, pela música, mais próxima dos territórios percorridos pelos Grateful Dead ou Byrds (especialmente Gene Clark) nos anos 60, que da New Wave reinante na altura do seu lançamento.<br />
Contudo, este anacronismo absoluto não prejudica em nada o disco, antes pelo contrário. <i>Crossroads </i>é uma belíssima colecção de canções que descendem directamente da linhagem Country & Folk norte-americana. Canções aparentemente simples e despretenciosas, mas que guardam uma melancolia agridoce e revelam uma mestria composicional que as torna intemporais.<br />
Não existe nenhum tema fraco em <i>Crossroads</i>. <i>Does He Hide</i>, <i>One Down </i>e <i>Carry Me Down</i> são <i>road songs </i>em tons de sépia, que nos transportam para uma imensidão americana evocativa, em igual medida, de liberdade e solidão.<br />
<i>All My Memories</i>, <i>To Be Free </i>e <i>You Can Tell Me I'm Wrong </i>são baladas contemplativas, marinadas num doce tempero psicadélico e destilando emoções em estado puro.<br />
Depois há <i>Whiskey</i>, Country Rock sardónico servido com gelo. E <i>America</i>, canção de amor/ódio ao país do Tio Sam e cujo desencanto latente soa mais actual que nunca.<br />
O tema mais pungente do disco será também aquele que mais destoa da sua toada geral. <i>Jean</i>, uma canção de amor sombria e dolente, cuja guitarra etérea cobre o desespero como um véu transparente.<br />
Nunca saberemos se Kenny Knight seria capaz de repetir o estado de graça que assombra, transversalmente, <i>Crossroads. </i>Ao que consta, a parca atenção concedida ao álbum e o seu fracasso comercial, levaram a que o músico se livrasse das últimas cópias lançando-as para o lixo. Felizmente, a editora Paradise of Bachelors - especialista no resgate de raridades e obras obscuras - procedeu à sua reedição em 2015. Existe sempre tempo para descobrir pérolas musicais. E esta pérola não deixou o seu tempo definido.JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-69200561245483703032020-02-21T23:34:00.000+00:002020-02-21T23:42:32.091+00:00A Sul do Paraíso<a href="https://deathriderrecords.com/wp-content/uploads/2017/12/SLAYER-south-of-heaven.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para slayer south of heaven" border="0" height="400" src="https://deathriderrecords.com/wp-content/uploads/2017/12/SLAYER-south-of-heaven.jpg" width="400" /></a>Após terem distorcido as leis da velocidade do som no vertiginoso e abissal <i>Reign in Blood</i>, os Slayer abrandaram o ritmo. Tal não significa que o defunto quarteto de Thrash Metal norte-americano tenha amolecido. Mudaram somente as regras da agressão.<br />
<i>South of Heaven</i>, o quarto álbum da banda, prossegue o fogo cerrado do seu predecessor, acrescentando-lhe nuances experimentais e recuperando o negrume torturado e a atmosfera pantanosa de <i>Hell Awaits</i>.<br />
A audição de <i>South of Heaven</i>, passados 32 anos da sua edição original, assemelha-se ainda a uma travessia sombria por paisagens em ruínas e lamacentas, debaixo de um céu carregado.<br />
As guitarras pungentes e voláteis de Kerry King e Jeff Hanneman impregnam o disco de <i>riffs </i>demoníacos e <i>grooves </i>monolíticos. A voz de Tom Araya espraia-se, entre o narcótico e o demencial, não carecendo de pirotecnias para escaldar os tímpanos. Mas é, sem dúvida, a bateria de Dave Lombardo que carrega o álbum nos ombros. É impossível resistir à precisão, mestria e intensidade com que Lombardo trata as peles. Qual polvo possuído pelo Demo, será, provavelmente, a melhor prestação de sempre em estúdio de um baterista de Thrash Metal.<br />
Os quatro temas iniciais de <i>South of Heaven </i>estão entre os melhores alguma vez compostos pelos Slayer. A canção que dá título ao álbum é um monolito pesado e arrastado, que parece abrir caminho por um lodaçal denso, em esforço crescente. A música destila decadência e amoralidade.<br />
Segue-se <i>Silent Scream</i>, ataque maléfico, impiedoso e, sem dúvida, o momento alto do disco. Juntamente com o esmagador <i>Angel of Death </i>- de <i>Reign in Blood</i> -, será, inclusivé, a peça mais incisiva e impressionante do currículo da banda. Três minutos imparáveis, que parecem demorar três segundos e que equivalem a um espancamento de três horas, ao qual não temos forças para resistir. Dave Lombardo é colossal, Araya é gélido e as guitarras cortam como estiletes.<br />
<i>Live Undead </i>deixa-nos recuperar o fôlego por breves momentos. Elogio/elegia à loucura, ecoa sonambulamente até ao grito lancinante que nos atira para um precipício em que as guitarras se degladiam psicoticamente e a bateria é uma descarga propulsiva de adrenalina.<br />
<i>Behind the Crooked Cross </i>é o tema mais directo do álbum. Cinicamente melódico (até trauteável), mas sem perder pitada de agressividade, parece antecipar o advento do Stoner Rock.<br />
<i>Mandatory Suicide </i>e <i>Read Between the Lies</i> mantêm a toada lenta (pelo menos nos padrões dos Slayer) e focam a guerra e a religião, temáticas que, além da sanidade mental, contaminam de sobremaneira o universo do grupo.<br />
<i>Ghosts of War </i>e <i>Cleanse the Soul </i>são os temas que mais se aproximam dos ataques relâmpago do passado, com Dave Lombardo a elevar a fasquia rítmica até à estratosfera.<br />
Pelo meio, surge uma versão densa e enegrecida de <i>Dissident Aggressor</i>, original dos Judas Priest e que assenta como uma luva na desoladora ambiência geral de <i>South of Heaven. </i>Tudo termina com o pesado e hipnótico <i>Spill the Blood</i>, onde guitarras acústicas se intercruzam com eléctricas, a bateria é marcial e a voz de Tom Araya soa como um demónio sedutor mas desapaixonado.<br />
Ao que consta, o quarteto não ficou muito satisfeito com o resultado final do álbum, muito graças à maior acessibilidade sónica da produção. Não obstante, <i>South of Heaven </i>acaba por ser a obra mais variada dos Slayer, conjugando em igual medida momentos perturbantes, violentos e introspectivos. Tal como o supracitado Stoner Rock, os alicerces do Sludge Metal começaram a ser erigidos aqui, pelo melhor e mais sólido colectivo da história do Thrash. Pese embora reformado, o seu legado soa mais demencial e pertinente que nunca nestes tempos conturbados.JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-76395372154935167692020-02-08T16:30:00.001+00:002020-02-08T16:31:57.571+00:00Kosmische Kosmetik LIV<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://img.discogs.com/bqWYom1JrB4M1i8MYr9nYYDGPfc=/fit-in/531x531/filters:strip_icc():format(jpeg):mode_rgb():quality(90)/discogs-images/R-426419-1172153425.jpeg.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para adelbert von deyen atmosphere" border="0" height="400" src="https://img.discogs.com/bqWYom1JrB4M1i8MYr9nYYDGPfc=/fit-in/531x531/filters:strip_icc():format(jpeg):mode_rgb():quality(90)/discogs-images/R-426419-1172153425.jpeg.jpg" width="400" /></a></div>
Adelbert von Deyen foi muitas vezes acusado de ser um clone<i> </i>do seu conterrâneo e contemporâneo Klaus Schulze. Pese embora a carreira do primeiro tenha arrancado quase uma década após o despontar do segundo, as semelhanças musicais e estéticas são notórias.<br />
<i>Sternzeit</i> e <i>Nordborg</i>, álbuns editados, respectivamente, em 1978 e 1979, são obras que nos remetem de imediato para o imaginário de Schulze, quer pelo estilo composicional, quer, inclusivé, pelo <i>pastiche</i> flagrante das suas clássicas e reconhecíveis capas.<br />
Porém, apesar da homenagem confessa e do resgate da traça original do mago electrónico berlinense, é possível encontrar pontos de ruptura e diferentes azimutes na música de Adelbert von Deyen.<br />
Enquanto <i>Sternzeit </i>mergulhava na escuridão cósmica e <i>Nordborg </i>revelava um hermético isolamento, o terceiro disco - <i>Atmosphere</i>, de 1980 <i>- </i>abre espaço à luz e deixa-se contaminar por aragens menos rarefeitas e mais expansivas, onde o ritmo assume um papel secundário, mas assertivo.<br />
<i>Time Machine </i>franqueia as portas em cadência <i>motorik</i> e abre alas a uma melodia serpenteante, durante 5 minutos que ombreiam com o melhor dos Neu! e dos Kraftwerk.<br />
A belíssima<i> Silverrain </i>expande a paleta e deixa-se contaminar por bacilos progressivos. Contemplativa e sedutora, a teia sonora expande-se languidamente, evocando reminiscências do psicadelismo dos Pink Floyd e do neoclassicismo progressivo dos Eloy.<br />
Por último, o tema-título e<i> pièce de résistance </i>do disco. <i>Atmosphere </i>é uma peça colossal, que ultrapassa os 30 minutos de duração e se subdivide em 8 fragmentos, oscilando entre a expansão cósmica, a solenidade gótica e a hipnose caleidoscópica. Imensa e ambiciosa, sem nunca resvalar para a banalidade e a redundância, esta composição pode muito bem representar o fim de uma era. Os anos 80 despontavam e a música electrónica começava a descer à Terra, preocupando-se mais com a dança dos corpos humanos, em detrimento da dança dos corpos celestes.<br />
Adelbert von Deyen continuou a produzir discos até ao século XXI - faleceu em 2018 -, progressivamente contaminados pelas tendências do presente e sem a audácia sonhadora do passado. <i>Atmosphere </i>ficará registada, muito provavelmente, como a sua obra de referência.JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-91109476551785283402020-02-07T21:00:00.000+00:002020-02-07T21:00:18.945+00:00Memories Are Made of Hits<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY3U2WueqFeyHbIn1pkq199JEA94Mitf0RlgdKJyC0FAEBgtA30Ney9-izEbnRt8Uu4URa3Q8n9Vht0Rerd97Zsj9P0Vcfoh1hoGBJfQddLKDZMo0YMLLp1EL4Q3EoCQe_KOXzVUMIrDBD/s1600/bernard+sumner+chapter+and+verse.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para bernard sumner chapter and verse" border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY3U2WueqFeyHbIn1pkq199JEA94Mitf0RlgdKJyC0FAEBgtA30Ney9-izEbnRt8Uu4URa3Q8n9Vht0Rerd97Zsj9P0Vcfoh1hoGBJfQddLKDZMo0YMLLp1EL4Q3EoCQe_KOXzVUMIrDBD/s400/bernard+sumner+chapter+and+verse.jpg" width="260" /></a></div>
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Em <i>Chapter and Verse</i>, o quase sempre cordato e discreto Bernard Sumner coloca, pela primeira vez, as suas memórias em hasta pública. O guitarrista dos Joy Division e voz principal dos New Order mergulha no passado para contar a sua história e a história em torno de duas das maiores e mais influentes bandas de sempre. A questão que se coloca é: seria necessária mais uma narrativa acerca deste tema? A resposta é: se forem todas como esta, claro que sim.</div>
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Existe sempre um ponto de vista diferente para cada história e o de Bernard Sumner é particularmente cativante, conseguindo absorver-nos constantemente no relato de eventos que já se tornaram lendários.</div>
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Da infância nos subúrbios de Manchester à formação dos Joy Division, do trauma fracturante causado pela morte de Ian Curtis às noites megalómanas da discoteca Haçienda, Sumner dirige-se ao leitor de forma simples e directa, não sendo raras descrições intimistas e episódios anedóticos. Um destes últimos, versando o célebre manager de ambas as bandas, Rob Gretton, merece a devida transcrição: </div>
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"<i>We were invariably late getting to the studio everyday, which was always Rob's fault. You'd try to wake him and, even though he'd asked you to make sure he was up in time, he'd do the same thing to you everytime: his two front teeth were false ones which he'd keep in a glass of water overnight by the side of the bed, and when you'd try to wake him up he'd reach for the glass, take the teeth out and fling the water over you. Every fucking day</i>." Sem dúvida, recordar é viver.</div>
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<i>Chapter and Verse</i> privilegia, muitas vezes, a descrição dos artistas em detrimento da arte. Apesar de não faltarem pormenores sumarentos acerca da criação de canções eternas como <i>Love Will Tear Us Apart</i>, <i>Atmosphere</i>, <i>Blue Monday</i> ou <i>Temptation</i>, são os retratos dos criadores que tomam a preponderância. As personalidades, qualidades e defeitos de Tony Wilson, Martin Hannett ou Peter Hook. Os seus egos intermináveis e as suas fragilidades.</div>
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O livro termina com a transcrição de uma sessão de hipnose feita por Bernard Sumner a Ian Curtis. E o que fica desse momento resume muito do que este livro revela: tragédia e inocência.</div>
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JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-86781910272664705902020-01-29T11:18:00.002+00:002020-01-29T23:14:30.880+00:00Kosmische Kosmetik LIII<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51Wo0k5R25L.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para michael hoenig departure from the northern wasteland" border="0" height="386" src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51Wo0k5R25L.jpg" width="400" /></a></div>
Previamente à sua incursão a solo, Michael Hoenig militou em dois dos colectivos mais míticos da música germânica: Agitation Free e Tangerine Dream. Aos primeiros, adicionou às guitarras<i> bluesy </i>e espaciais um manto de electrónica lânguido e hipnótico; nos segundos, contribuiu para alicerçar a estrutura cósmica e melódica adotada em meados de 70 e que nunca mais foi abandonada.<br />
<i>Departure From the Northern Wasteland</i>, primeiro álbum de Hoenig, editado em 1978, acaba por conjugar essas duas facetas numa viagem sonora atmosférica, refinada e envolvente.<br />
O disco abre com o tema-título, uma peça extensa - mais de 20 minutos -, preenchida por sequenciadores em cadência e arpejos sintéticos. O resultado é um longo transe contemplativo, mas nunca soporífero, revestido por uma melodia na veia dos melhores clássicos dos Tangerine Dream. Ideal para mover o cérebro sem mover o corpo.<br />
<i>Hanging Garden Transfer</i> prossegue a travessia, mas acelera a velocidade. A teia melódica adensa-se e torna-se mais pungente e urgente. O corpo é chamado a reagir e é impossível não invocar um passeio por uma qualquer <i>autobahn </i>que atravessa as terras desoladas do Norte mencionadas no título do disco.<br />
A toada muda com a lenta ondulação que percorre <i>Voices of Where</i>, interlúdio minimal ao qual é acrescentado uma voz feminina em tom de abstracção e que resulta como um mantra despojado e dolente. Em contraste, <i>Sun and Moon </i>encerra o álbum de forma elevada e radiosa. Uma melodia luminescente e uma baforada de liberdade percorrem a peça. Como o regresso ansiado a um sítio do qual já sentíamos saudades.<br />
<i>Departure From the Northern Wasteland </i>é considerado um dos melhores exemplos da escola berlinense de electrónica, possuidor de um papel preponderante na evolução do género e na sua gentrificação. Embora sintamos o futuro projectar-se nos meandros das suas paisagens electrónicas, acaba igualmente por ser uma obra vincadamente emocional e intemporal, à qual se retorna pelo prazer da nostalgia.<br />
<br />JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-60052896170450783852020-01-04T20:08:00.000+00:002020-01-08T22:50:44.611+00:002019: A Soundtrack<br />
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<a href="https://media.pitchfork.com/photos/5d97999832a22700089555c2/1:1/w_600/ghosteen.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Resultado de imagem para nick cave ghosteen"" border="0" height="400" src="https://media.pitchfork.com/photos/5d97999832a22700089555c2/1:1/w_600/ghosteen.jpg" width="400" /></a></div>
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Pelos vistos, os loucos anos 20 do século XXI apenas começam no <a href="https://www.publico.pt/2020/01/02/ciencia/noticia/afinal-mudamos-decada-2021-1899080">ano que vem</a>. Assim sendo, a exigível história concisa dos melhores discos da década de 10 para o Escrito no Som apenas será compilada nessa altura, de forma a cumprir o rigor científico.<br />
2019 foi um ano sabático para esta página. Um período de mudança e reflexão, mas não de desistência. Um período de aceitação. A música acompanhou o passar dos meses, dos dias, das horas. Como antídoto para a dor. Como anestésico para a realidade e como fonte de força para a encarar.<br />
<i>Ghosteen </i>de Nick Cave e os seus recatados, mas intensos, Bad Seeds foi o disco que definiu o meu ano. Elegíaco, pungente e catártico, mais ainda que o seu desolado antecessor - <i>The Skeleton Tree </i>-, exige coragem e abertura emocional para o ouvir e aceitar de empreitada.<br />
2019 foi pleno de estados de graça musicais e foi fantástico constatar que uma elevada percentagem dos discos que compõem as escolhas anuais deste escriba são da autoria de mulheres. Talvez porque este mundo precisa, actualmente e mais que tudo, de um colo materno. Segue abaixo a lista da música que mais me embalou, inquietou e despertou no ano da conquista do 37º título de campeão nacional de futebol por parte do Sport Lisboa e Benfica.<br />
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1. Nick Cave and the Bad Seeds - Ghosteen<br />
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2. Weyes Blood - Titanic Rising<br />
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3. FKA Twigs - Magdalene<br />
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4. Lana Del Rey - Norman Fucking Rockwell!<br />
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5. The Comet Is Coming - Trust in the Lifeforce of the Deep Mystery<br />
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6. Purple Mountains - Purple Mountains<br />
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7. Tyler, the Creator - Igor<br />
<br />
8. Fontaines D.C. - Dogrel<br />
<br />
9. Bill Callahan - Shepherd in a Sheepskin Vest<br />
<br />
10. Angel Olsen - All Mirrors<br />
<br />
11. Solange - When I Get Home<br />
<br />
12. Sharon Van Etten - Remind Me Tomorrow<br />
<br />
13. Billie Eilish - When We Fall Asleep, Where Do We Go?<br />
<br />
14. Big Thief - U.F.O.F./Two Hands<br />
<br />
15. Vampire Weekend - Father of the Bride<br />
<br />
16. 75 Dollar Bill - I Was Real<br />
<br />
17. Thom Yorke - ANIMA<br />
<br />
18. Richard Dawson - 2020<br />
<br />
19. Brittany Howard - Jaime<br />
<br />
20. Kim Gordon - No Home Record<br />
<br />
21. Little Simz - Grey Area<br />
<br />
22. black midi - schlagenheim<br />
<br />
23. The Murder Capital - When I Have Fears<br />
<br />
24. Aldous Harding - Designer<br />
<br />
25. Bon Iver - i,i<br />
<br />
26. Joan Shelley - Like the River Loves the Sea<br />
<br />
27. Modern Nature - How To Live<br />
<br />
28. James Blake - Assume Form<br />
<br />
29. Fennesz - Agora<br />
<br />
30. Helado Negro - This is How You Smile<br />
<br />
31. Wilco - Ode to Joy<br />
<br />
32. Julia Jacklin - Crushing<br />
<br />
33. Michael Kiwanuka - Kiwanuka<br />
<br />
34. Fat White Family - Serfs Up!<br />
<br />
35. Sunn O))) - Life Metal<br />
<br />
36. Jamila Woods - LEGACY! LEGACY!<br />
<br />
37. Iggy Pop - Free<br />
<br />
38. Jenny Hval - The Practice of Love<br />
<br />
39. Beth Gibbons & The Polish National Radio Symphony Orchestra - Henryk Gorécki: Symphony No. 3 (Symphony of Sorrowful Songs)<br />
<br />
40. Cate Le Bon - Reward<br />
<br />
41. slowthai - Nothing Great About Britain<br />
<br />
42. Matana Roberts - COIN COIN Chapter Four: Memphis<br />
<br />
43. Bruce Springsteen - Western Stars<br />
<br />
44. Lingua Ignota - Caligula<br />
<br />
45. Klein - Lifetime<br />
<br />
46. Angel Bat Dawid - The Oracle<br />
<br />
47. Moor Mother - Analog Fluids of Sonic Black Holes<br />
<br />
48. Dave - Psychodrama<br />
<br />
49. Carl Stone - Himalaya/Baroo<br />
<br />
50. The National - I Am Easy to Find<br />
<br />
<br />JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-38142307701408445802018-12-31T22:33:00.000+00:002018-12-31T22:51:05.740+00:002018: A Soundtrack<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://f4.bcbits.com/img/a2336397456_10.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Image result for idles joy as an act of resistance" border="0" height="400" src="https://f4.bcbits.com/img/a2336397456_10.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
Eis que chega ao fim o turbulento 2018. Contudo, o mesmo não traz o fim de Trump, Brexit, Gillets Jaunes e outras peculiaridades mais ou menos extremas que o marcaram. À medida que o tempo avança, a inocência dissipa-se. O optimismo transforma-se em cepticismo, o pessimismo em realismo. 2018 foi um ano de notícias terríveis, mas também de alternativas. A esperança teima em persistir. Em quê? Só o tempo o dirá.<br />
Nestes tempos bipolares, a música não escapou ao <i>zeitgeist</i>. Exemplo disso é o disco que considerei eleger como o melhor do ano. O seu título acaba por resumir a atitude necessária para enfrentar os tempos presentes: <i>Joy as an Act of Resistance</i>. Um disco crú, duro e visceral, que nos confronta com a fragilidade da existência e com as disfunções da sociedade contemporânea. Além dos seus mentores, os britânicos Idles, mais foram os nomes que exploraram o lado mais sombrio da actualidade, cuja herança do Post-Punk é flagrante. Shame, Preoccupations ou Daughters recuperaram igualmente - e de forma brilhante e inovadora - esta corrente musical.<br />
Merecem igualmente destaque veteranos como os Low e os Spiritualized, que, nesta fase da sua carreira, continuam ainda a desbravar novos territórios e a demonstrar capacidades criativas notáveis. Sons of Kemet e Kamasi Washington assinaram discos excelentes, que elevaram a fasquia do Jazz, ao mesmo tempo que o aproximaram da vanguarda das novas correntes musicais. Obras que constituem uma prova marcante que este género, mais que nunca, está longe do esquecimento.<br />
A música que mais me marcou em 2018 assentou numa saudável e costumeira miscelânea. Segue abaixo a lista que me ajudou a enfrentar cada dia.<br />
<br />
<br />
<br />
1. Idles - Joy as an Act of Resistance<br />
<br />
2. Low - Double Negative<br />
<br />
3. Sons of Kemet - Your Queen is a Reptile<br />
<br />
4. Janelle Monáe - Dirty Computer<br />
<br />
5. Mitski - Be the Cowboy<br />
<br />
6. Tirzah - Devotion<br />
<br />
7. Kamasi Washington - Heaven and Earth<br />
<br />
8. Arctic Monkeys - Tranquility Base Hotel & Casino<br />
<br />
9. Spiritualized - And Nothing Hurt<br />
<br />
10. Khruangbin - Con Todo El Mondo<br />
<br />
11. Rolling Blackouts Coastal Fever - Hope Downs<br />
<br />
12. Preoccupations - New Material<br />
<br />
13. Shame - Songs of Praise<br />
<br />
14. Daughters - You Won't Get What You Want<br />
<br />
15. Father John Misty - God's Favourite Customer<br />
<br />
16. Kacey Musgraves - Golden Hour<br />
<br />
17. The 1975 - A Brief Inquiry Into Online Relationships<br />
<br />
<h3 class="albumTitle listSummary" style="background-color: white; font-family: "open sans", sans-serif; font-size: 1.25em; font-weight: 400; margin: 0px; overflow: hidden; padding: 0px; text-overflow: ellipsis;">
</h3>
18. U.S. Girls - In a Poem Unlimited<br />
<br />
19. Christine and the Queens - Chris<br />
<br />
20. Beach House - 7<br />
<br />
21. Ryley Walker - Deafman Glance<br />
<br />
22. Robyn - Honey<br />
<br />
23. Blood Orange - Negro Swan<br />
<br />
24. Julia Holter - Aviary<br />
<br />
25. Rosalía - El Mal Querer<br />
<br />
26. Parquet Courts - Wide Awake!<br />
<br />
27. Hookworms - Microshift<br />
<br />
28. Amen Dunes - Freedom<br />
<br />
29. Tim Hecker - Konoyo<br />
<br />
30. ZULI - Terminal<br />
<br />
31. Young Fathers - Cocoa Sugar<br />
<br />
32. SOPHIE - OIL OF EVERY PEARL'S UN-INSIDES<br />
<br />
33. Iceage - Beyondless<br />
<br />
34. Let's Eat Grandma - I'm All Ears<br />
<br />
35. Pusha T - Daytona<br />
<br />
36. John Hopkins - Singularity<br />
<br />
37. Deafheaven - Ordinary Corrupt Human Love<br />
<br />
38. Yves Tumor - Safe in the Hands of Love<br />
<br />
39. Yo La Tengo - There's a Riot Going On<br />
<br />
<h3 class="albumTitle listSummary" style="background-color: white; font-family: "open sans", sans-serif; font-size: 1.25em; font-weight: 400; margin: 0px; overflow: hidden; padding: 0px; text-overflow: ellipsis;">
</h3>
<div>
40. Anna Calvi - Hunter</div>
<div>
<br /></div>
<div>
41. Beak> - >>></div>
<div>
<br /></div>
<div>
42. Car Seat Headrest - Twin Fantasy</div>
<div>
<br /></div>
<div>
43. Stephen Malkmus and The Jicks - Sparkle Hard</div>
<div>
<br /></div>
<div>
44. Sleep - The Sciences</div>
<br />
45. Marianne Faithfull - Negative Capability<br />
<br />
46. Nils Frahm - All Melody<br />
<br />
47. Courtney Barnett - Tell Me How You Really Feel<br />
<br />
48. Gazelle Twin - Pastoral<br />
<br />
49. Cat Power - Wanderer<br />
<br />
50. Suede - The Blue Hour<br />
<br />JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-22095907092392864252018-12-31T16:57:00.000+00:002018-12-31T17:02:28.436+00:00A Marca Amarela X<a href="https://cps-static.rovicorp.com/3/JPG_500/MI0000/920/MI0000920505.jpg?partner=allrovi.com" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="Related image" border="0" height="400" src="https://cps-static.rovicorp.com/3/JPG_500/MI0000/920/MI0000920505.jpg?partner=allrovi.com" width="396" /></a>Tal como <i>Debon</i> dos Brast Burn, dissecado no <i><a href="https://escritonosom.blogspot.com/2018/12/a-marca-amarela-ix.html">post</a></i> anterior, <i>Alomoni 1985 </i>é igualmente uma obra solitária. Desta feita, conjurada pelos não menos obscuros Karuna Khyal. Além do ano de edição - 1976 - e do facto de ser um produto nipónico, o que sobra deste projecto é um perfeito mistério. Persiste a teoria que ambos os discos provêm do mesmo cérebro (colectivo?), sendo que a música criada pelos Karuna Khyal consegue alcançar níveis de transgressão e delírio ainda maiores que os do seu suposto <i>alter ego</i>.<br />
<i>Alomoni 1985 </i>é igualmente composto por duas extensas peças, onde o experimentalismo reina sem rei nem roque. A primeira assenta num cruzamento não muito improvável - e quiçá apetecível - entre a vertigem improvisada dos Faust e os Blues<i> </i>escangalhados de Captain Beefheart. Uma vocalização repetitiva, acompanhada de harmónica e levada ao colo por uma turba deambulante e cacofónica de instrumentos eléctricos em densa distorção despenha-se num abismo escuro e demencial, onde a música parece presa numa teia, debatendo-se para sair, mas confortável nas suas sedosas amarras.<br />
A segunda parte do álbum tem o mérito de ser ainda mais radical. As experiências desbragadas e intoxicadas dos Faust continuam a ser a comparação mais óbvia, mas aqui o pontual humor dos germânicos transfigura-se numa interminável <i>bad trip</i>, numa marcha ritualista em círculos, cadenciada e repetitiva, cuja espiral se adensa até ao abrupto corte final. A matéria-prima ainda assenta no Rock e nos Blues, mas ambos resvalaram para o precipício da loucura e vagueiam, alienados, por labirintos que não conduzem à razão. Material pesado e para psicadélicos de barba rija.<br />
O único trabalho dos Karuna Khyal constitui, acima de tudo, um artefacto raro e curioso. Descrever a música que guarda é como relatar um estranho sonho, do qual só recordamos as partes mais bizarras. Não se trata forçosamente de um pesadelo, mas as forças e substâncias em torno de uma obra tão extrema revelam mentes em estado de entropia profunda. A escutar com ouvidos bem abertos, em ambiente seguro, escuro e solitário.JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-51818913299847816532018-12-29T19:49:00.001+00:002018-12-29T20:50:27.165+00:00A Marca Amarela IX<a href="https://img.discogs.com/iIsShDwtfzY1MoiJ0XxfPdz5ugg=/fit-in/600x594/filters:strip_icc():format(jpeg):mode_rgb():quality(90)/discogs-images/R-1950453-1254578989.jpeg.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Image result for brast burn" border="0" height="396" src="https://img.discogs.com/iIsShDwtfzY1MoiJ0XxfPdz5ugg=/fit-in/600x594/filters:strip_icc():format(jpeg):mode_rgb():quality(90)/discogs-images/R-1950453-1254578989.jpeg.jpg" width="400" /></a><i>Debon</i>, datado de 1975, é a única pegada musical deixada pelo obscuro colectivo japonês baptizado como Brast Burn.<br />
Objecto de culto há muito considerado perdido, o álbum tem sido alvo de pontuais e recentes reedições, sem que as próprias editoras responsáveis (nomeadamente a Paradigm e a Phoenix) tenham conhecimento dos criadores da obra, agradecendo, inclusive, a prestação de informações adicionais a quem saiba quem são e de onde vêm os Brast Burn.<br />
Supostamente criada por estudantes de arte nipónicos, a música de <i>Debon </i>inscreve-se na corrente mais limítrofe e surreal do psicadelismo, aproximando o grupo do experimentalismo <i>free form </i>das franjas mais radicais do Krautrock que dos territórios melódicos e espaciais da maioria dos seus contemporâneos e conterrâneos sinfónicos e tradicionalmente progressivos da década de 70.<br />
Composto exclusivamente por dois longos e expansivos temas, o álbum franqueia portas a um mundo de mistérios e maravilhas a quem demonstre abertura mental para neles penetrar e vaguear. A base instrumental é, essencialmente, acústica, assentando em guitarra, percussão, harmónica, flauta e sinos. Pontualmente, a electricidade de uma guitarra em regime <i>fuzz </i>invade a atmosfera, bem como vozes que alternam entre <i>mantras</i> repetitivos, cujas palavras são insondáveis, a fraseados isolados e derivativos de Damo Suzuki. As ambiências hipnóticas e, por vezes, atonais, remetem igualmente para a densidade meditativa e mística da música tibetana. Não obstante, as melodias surgem, fluídas e envolventes, capturando o ouvinte na sua teia e enredando-o numa doce letargia enquanto o convidam a explorar os cantos mais recônditos da sua consciência.<br />
O termo <i>trance folk </i>poderia perfeitamente ser atribuído a estes incógnitos magos sonoros. A toada tribalista, ritualista e lisérgica parece resumir os momentos mais herméticos e narcóticos dos Faust, Popol Vuh ou Dom. É música nua, livre e imaginativa. Tão afastada do conceito musical presente, que soa mais vanguardista que anacrónica. E bela, estranha e incrivelmente bela.JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-27061027154094529312018-12-29T17:32:00.000+00:002018-12-29T20:47:44.797+00:00Pós-Fabricado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/61y-5HuWxnL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/61y-5HuWxnL.jpg" width="260" /></a></div>
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<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
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<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: left;">
Originalmente editado em 1986 e intitulado <i>From Joy Division to New Order: The True Story of Anthony H Wilson and Factory Records</i>, o livro em torno da mítica e defunta editora discográfica britânica foi alvo de revisão e actualização em 2009, diminuindo o palavroso título para o exibido na imagem acima.</div>
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: left;">
Mick Middles, o autor, é um reconhecido jornalista e especialista na cena musical de Manchester e autor de inúmeras obras em torno do seu legado, iniciado no Punk até ao presente. O estilo informado e minucioso da sua prosa revela um conhecimento profundo da história da lendária editora, sem menosprezar os aspectos mais folclóricos e os episódios mais anedóticos que ajudaram à perpetuação do seu nome.</div>
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Nascida sob a égide circunspecta dos Joy Division e amadurecida pela qualidade inventiva dos New Order, a Factory acabaria por definhar envolta na aura de hedonismo da Haçienda - a sua discoteca privada - e no clímax dos conterrâneos Happy Mondays e da <i>Madchester</i>. Tony Wilson, o homem por detrás da lenda, tornar-se-ia ele próprio uma figura icónica e admirada, assistindo à disseminação das sementes da sua editora por todo o mundo e à emulação da música primordialmente criada pelos seus artistas.</div>
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: left;">
<i>Factory: The Story of the Record Label </i>é um documento imprescindível para conhecer e entender o trajecto mercurial da editora que, muito mais que lançar discos, criou uma imagem própria e imortal, pedra basilar para um estilo de vida que, ainda hoje, fabrica embriões urbanos, tão pessimistas como hedonistas.</div>
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JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-40987704946481658222018-12-15T18:28:00.002+00:002018-12-15T19:13:45.401+00:00Riffestival<a href="https://img.discogs.com/BYkHOSHwJbKMCkAa8u06okmYLbM=/fit-in/600x592/filters:strip_icc():format(jpeg):mode_rgb():quality(90)/discogs-images/R-1887521-1528923295-6336.jpeg.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="Related image" border="0" height="394" src="https://img.discogs.com/BYkHOSHwJbKMCkAa8u06okmYLbM=/fit-in/600x592/filters:strip_icc():format(jpeg):mode_rgb():quality(90)/discogs-images/R-1887521-1528923295-6336.jpeg.jpg" width="400" /></a>A <i>New Wave of British Heavy Metal </i>constitui um fenómeno peculiar e interessante. Surgido nos finais dos anos 70, em plena ressaca do Punk e do despontar da New Wave, o movimento manteve a infraestrutura pesada e entorpecente dos Black Sabbath e Led Zeppelin, acrescentando-lhe a energia efeverescente do Punk. Sendo que os catedráticos Motörhead jogaram o ás de espadas deste baralho, outras bandas mais ou menos entusiasmantes se lhes juntaram, entre as quais os Diamond Head.<br />
O que distinguiu este quarteto oriundo de Stourbridge dos seus pares, especialmente no seu primeiro álbum, assentou numa inebriante mescla de composições complexas, melodias invasivas, ritmos vertiginosos, produção em bruto e, especialmente, na feérica e endiabrada guitarra de Brian Tatler.<br />
O nome da banda inspirou-se no primeiro disco a solo de Phil Manzanera, guitarrista dos Roxy Music, e o que se escuta em <i>Lightning To The Nations </i>é um verdadeiro diamante por lapidar, tresandando a cabedal, tabaco e cerveja, rodopiando em velocidade e volume proibitivos numa cave funda a altas horas da noite.<br />
Extrapolando, <i>Lightning To The Nations</i> poderia ser a versão pesada de <i>Marquee Moon </i>dos Television. As composições, na sua maioria extensas, rendilhadas e caleidoscópicas, inflectem para um idêntico banho de imersão quente no Rock. Mas, enquanto a banda nova-iorquina explora as guitarras como objecto sedutor e pensante, os britânicos enveredam para territórios virtuosos e ardentes. A guitarra de Tom Verlaine é amor romântico, a de Brian Tatler amor carnal. Ambos são fabulosos e distintos exemplos de como tratar as seis cordas como trave-mestra da canção.<br />
Ouvido à distância de 38 anos, <i>Lightning To The Nations </i>não traz nada de novo. Mas revela a majestade dos clássicos. Composto por apenas sete composições, todas originais, a riqueza que guarda é notável. O tema-título abre as hostilidades com pompa, circunstância e violência. Um ataque cerrado e sem tréguas, sucedido pelo assombroso <i>The Prince</i>, uma mistura entre a velocidade cega dos Motörhead e o instinto melódico dos Iron Maiden, que resulta numa alucinante montanha-russa rítmica guiada por uma guitarra sem freio. A voz de Sean Harris acaba por ser o elemento mais clássico da banda, algures entre Robert Plant e Geddy Lee.<br />
Ainda mal refeitos dos efeitos desta erupção vulcânica, surge o monstruoso <i>Sucking My Love</i>, momento em que o ouvinte é definitivamente sugado para a garganta incandescente dos Diamond Head. Dez minutos de <i>groove </i>obnubilante, acompanhado de uma tareia de guitarra de ouvir e chorar por mais. Dez minutos que lançaram prolíferas sementes no metal dos anos vindouros. É impossível não vislumbar no <i>riff </i>de guitarra final desta canção laivos do que viria a ser <i>Seek & Destroy</i> dos Metallica, sendo que o primeiro álbum dos norte-americanos - <i>Kill'em All</i> - bebe muito destas águas. Aliás, os reis do Thrash Metal nunca esconderam a influência dos Diamond Head, tendo, inclusive, gravado versões de dois temas de <i>Lightning To The Nations</i>, o que ajudou à evolução do culto em torno desta obra ao longo dos anos. Foram eles <i>Am I Evil</i> e <i>Helpless</i>, peças imensas e intensas - a primeira derivativa do universo ocultista dos Black Sabbath (curioso como as tendências passam de geração em geração), a segunda assente numa abordagem mais explícita ao Punk.<br />
Merece especial realce a reedição do álbum editada em 2011, a qual contém um segundo disco de material nunca reunido em disco anteriormente e que oferece um excelente complemento aos primeiros anos de existência dos Diamond Head.<br />
Infelizmente, a banda britânica nunca mais conseguiu repetir a qualidade extraordinária de <i>Lightning To The Nations</i>, resvalando progressivamente para a obscuridade, apesar de ainda manter a actividade. Esta primeira obra, justamente considerada um marco pioneiro na credibilização do Metal nas suas várias vertentes, deverá ser considerada, acima de tudo, uma peça fulcral na evolução do xadrez primordial do Rock. PLAY IT LOUD!JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-74018621666986376912018-11-29T23:50:00.000+00:002018-11-29T23:50:08.132+00:00La Vie en Roseland<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51S678A6MGL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Portishead - Roseland New York" border="0" src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51S678A6MGL.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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<i>Roseland NYC Live </i>foi já considerado um dos melhores álbuns ao vivo de sempre, feito estranho e discutível, tendo em conta a recatada e discreta banda que o assinou, os britânicos Portishead, bem como o estilo musical que praticam. Contudo, a história toma outro rumo perante o contraponto visual do concerto registado em 1997 num velho salão de baile nova-iorquino. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<i>Roseland New York</i>, filme-concerto realizado por Dick Carruthers, revela os Portishead num registo nú e crú, sem artifícios, luzes ou sombras além da atmosfera esparsa do local onde tocam, perante os olhares próximos do público e acompanhados por um conjunto de cordas intitulado apenas - e enigmaticamente - The Orchestra.</div>
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O contraste entre o trip-hop jazzístico com laivos de <i>film noir </i>praticado pelo grupo e a exposição da sala que alberga a música permite uma ilusória sensação de intimidade, no qual o narcótico embalo sonoro embate na rigidez permanente da luminosidade e da <i>performance</i> artística sem subterfúgios.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Os maneirismos vocais <i>a la</i> Billie Holiday de Beth Gibbons, a guitarra<i> western spaghetti</i> em território urbano de Adrian Utley e a teia sonora de teclas, ritmos e <i>samples </i>construída por Geoff Barrow florescem de forma hipnótica e encantatória em <i>Roseland New York</i>. Trata-se de um objecto único e precioso relicário para entender a música da década de 90 e de um dos seus colectivos mais geniais e influentes. Como esquecer ou não querer regressar ao abandono melancólico misturado com negrume sensual de <i>Roads</i>, <i>All Mine</i>, <i>Glory Box</i> ou <i>Over</i>? Esperemos que o sucessor de <i>Third </i>não demore mais dez anos a ver a luz da noite.</div>
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<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ZFwnlCudeC0" width="560"></iframe>JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5848421524081220690.post-45454069787403117062018-11-25T19:36:00.002+00:002018-11-25T19:45:02.288+00:00Bowie Now<br />
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<i>The Age of Bowie</i> é, acima de tudo, uma biografia escrita por um admirador e seguidor. O seu autor é Paul Morley, eminente comentador artístico britânico e membro dos Art of Noise nas horas vagas (ou vice-versa). Erigida nos dias que se seguiram ao falecimento de David Bowie, a obra constitui um <i>tour de force </i>reactivo à perda de uma figura inimitável e insubstituível da cultura dos últimos 50 anos.<br />
Num registo urgente, quase em regime <i>stream of consciousness</i>, muitas vezes verboso, mas sempre exaltado e apaixonado, Paul Morley constrói a sua visão histórica de Bowie, explorando como o artista emergiu, criou, estruturou, exibiu as suas ideias e envelheceu, à medida que revolucionou a música popular e inventou o futuro, tornando-se, ainda em vida, um mito.<br />
O livro percorre os momentos mais marcantes da vida e da carreira do Camaleão, com óbvio e interessante destaque para a década de 70, definitivamente a mais assombrosa e marcante do ponto de vista criativo, sendo cada ano objecto de inspirada e emotiva dissecação.<br />
Da viagem pelas influências e colaborações ao culminar da sua própria influência, de <i>Space Oddity</i> a <i>Blackstar</i>, <i>The Age of Bowie </i>é uma obra escrita por um fã confesso, que poderia ser qualquer um de nós. Certamente cada um escreveria a história de tão enorme figura apelando maioritariamente às razões do coração que da mente. Paul Morley segue o mesmo caminho, mostrando como a descoberta de David Bowie mudou a sua vida, a inspirou, a moldou, voltando a mudá-la com a sua morte. Em suma, sente o que todos sentimos, e expressa-o à sua maneira. Este é o Bowie de Morley, único mas caleidoscópico, que nos lembrará sempre o nosso.JL Marqueshttp://www.blogger.com/profile/09588718775237093261noreply@blogger.com