Todas as canções têm nomes de pessoas, como se fossem elas o verdadeiro tesouro, e cada uma a sua própria individualidade. A viagem pelo sonho atravessa diferentes territórios, do mutismo minimal de Otterley ao rebentamento das ondas cintilantes de Donimo. Robin Guthrie transforma a guitarra numa varinha de condão, distorcendo-a e adornando-a de efeitos espantosos. Não importa a técnica, apenas a sensação inflingida. Aloysius, Cicely, Ivo (esta última dedicada ao patrão da 4AD, Ivo Watts-Russell), todas são pequenas delícias num jardim edénico. E o auge acontece em Pandora, onde a beatitude sonial entra em simbiose com a sensualidade carnal, numa peça sublime que tanto pode ser veículo de paixão como de meditação. Não percebemos patavina do que Fraser está a cantar, mas isso é de somenos importância. Treasure é um disco do coração e não da razão, a mais equilibrada e perfeita prova das capacidades dos Cocteau Twins. Com tantos discos a roçar a perfeição, é discutível se esta é ou não a obra-prima da banda britânica. Foi a primeira que ouvi e continua a ser a minha preferida. O resto é como discutir o sexo dos anjos...
12 de junho de 2012
Erário Etéreo
Todas as canções têm nomes de pessoas, como se fossem elas o verdadeiro tesouro, e cada uma a sua própria individualidade. A viagem pelo sonho atravessa diferentes territórios, do mutismo minimal de Otterley ao rebentamento das ondas cintilantes de Donimo. Robin Guthrie transforma a guitarra numa varinha de condão, distorcendo-a e adornando-a de efeitos espantosos. Não importa a técnica, apenas a sensação inflingida. Aloysius, Cicely, Ivo (esta última dedicada ao patrão da 4AD, Ivo Watts-Russell), todas são pequenas delícias num jardim edénico. E o auge acontece em Pandora, onde a beatitude sonial entra em simbiose com a sensualidade carnal, numa peça sublime que tanto pode ser veículo de paixão como de meditação. Não percebemos patavina do que Fraser está a cantar, mas isso é de somenos importância. Treasure é um disco do coração e não da razão, a mais equilibrada e perfeita prova das capacidades dos Cocteau Twins. Com tantos discos a roçar a perfeição, é discutível se esta é ou não a obra-prima da banda britânica. Foi a primeira que ouvi e continua a ser a minha preferida. O resto é como discutir o sexo dos anjos...