The Age of Bowie é, acima de tudo, uma biografia escrita por um admirador e seguidor. O seu autor é Paul Morley, eminente comentador artístico britânico e membro dos Art of Noise nas horas vagas (ou vice-versa). Erigida nos dias que se seguiram ao falecimento de David Bowie, a obra constitui um tour de force reactivo à perda de uma figura inimitável e insubstituível da cultura dos últimos 50 anos.
Num registo urgente, quase em regime stream of consciousness, muitas vezes verboso, mas sempre exaltado e apaixonado, Paul Morley constrói a sua visão histórica de Bowie, explorando como o artista emergiu, criou, estruturou, exibiu as suas ideias e envelheceu, à medida que revolucionou a música popular e inventou o futuro, tornando-se, ainda em vida, um mito.
O livro percorre os momentos mais marcantes da vida e da carreira do Camaleão, com óbvio e interessante destaque para a década de 70, definitivamente a mais assombrosa e marcante do ponto de vista criativo, sendo cada ano objecto de inspirada e emotiva dissecação.
Da viagem pelas influências e colaborações ao culminar da sua própria influência, de Space Oddity a Blackstar, The Age of Bowie é uma obra escrita por um fã confesso, que poderia ser qualquer um de nós. Certamente cada um escreveria a história de tão enorme figura apelando maioritariamente às razões do coração que da mente. Paul Morley segue o mesmo caminho, mostrando como a descoberta de David Bowie mudou a sua vida, a inspirou, a moldou, voltando a mudá-la com a sua morte. Em suma, sente o que todos sentimos, e expressa-o à sua maneira. Este é o Bowie de Morley, único mas caleidoscópico, que nos lembrará sempre o nosso.