29 de setembro de 2012

How to Disappear Completely


A reclusão de Scott Walker foi abruptamente quebrada com a chegada de 30th Century Man. O filme documental de 2006, obra de Stephen Kijak, trouxe à tona pela primeira vez em muitos anos Scott, o homem, se bem que Scott, o mito, manterá sempre sua a aura intacta.
Para muitos, foi a primeira vez que o viram realmente. Noel Scott Engel, Walker por via da sua primeira banda, descia do seu reino ascético, dos rumores de loucura esquizóide, e falava e sorria em frente a uma câmara. Parecia tangível, real, mesmo depois do lançamento de mais uma obra abismal e incatalogável: The Drift.
O filme conta a história do icónico cantor, acompanhando-o desde o sucesso dos Walker Brothers até ao seu progressivo desvanecimento. Da histeria de raparigas que o perseguiam, até ao exílio auto-imposto, do qual só o culto impediu que o nome Scott Walker significasse hoje apenas cinzas ao vento. E não falta a parada de estrelas a demonstrar a veneração ao mestre, neste caso nomes como David Bowie, Brian Eno ou Radiohead...
Se alguém alguma vez duvidou do génio criativo de Walker, 30th Century Man prova que o talento do norte-americano é único e inimitável. Não existiu nem existirá mais ninguém como ele, tão consciente da sua imagem, do mundo que o rodeia, da futilidade do show business em que se movimenta e que subtilmente despreza. Nas palavras do próprio a explicar a sua arte, If I have nothing new to say, why show up? E nós, comuns mortais, contentamo-nos com um álbum por década do homem mais misterioso da música popular (ou o que quer que seja que ele magistralmente conjura...).