31 de março de 2013

Insight



Unknown Pleasures - Inside Joy Division promete ser uma viagem à intimidade da mítica banda de Manchester. Assinado por Peter Hook, o músico que inovou e granjeou um estilo único na arte de tocar baixo, o livro distingue-se desde logo pela narrativa simples e escorreita. Hook assume contar a verdadeira história da banda, com as memórias de quem viu tudo por dentro e acerta agora contas com um passado que foi tão maravilhoso quanto traumático.
A história dos Joy Division acaba por ser igualmente a história de Ian Curtis, a alma e o coração do grupo, da sua ascenção e queda e da imortalidade alcançada pela despedida prematura. A aura e o mito associados ao vocalista são sobejamente conhecidos (o génio lírico, o corpo torturado pela epilepsia e a alma pela divisão entre duas mulheres) e Hook opta por mostrar um retrato mais humano do seu amigo e companheiro musical. Um Ian Curtis menos conhecido, com as loucuras, excessos e diatribes da juventude, apaixonado pelas artes e desejoso de novas experiências. Intenso e entregue à sua música ao ponto de descurar gravemente a sua saúde em nome do sonho que o movia.
A obra é igualmente plena de histórias sumarentas e episódios anedóticos, sendo que Peter Hook prefere sempre mostrar o lado mais luminoso e frugal dos Joy Division que acentuar a faceta divinizada, sombria e impregnada de angústia existencial à qual a banda é comummente associada.
Unknown Pleasures é igualmente uma semi-autobiografia do seu autor, pelo que a história é contada com a visão e a opinião particulares de quem viveu 4 anos no seio de um dos colectivos musicais mais importantes e influentes dos últimos 40 anos. Um grupo que morreu com a morte do seu líder e que se refez sobre as cinzas do seu fantasma. Os prazeres dos Joy Division já são mais que conhecidos, mas nunca é demais perdermo-nos neles. Eis um bom motivo para o regresso.