1 de março de 2017

KO Computer




No ano em que se celebram 20 anos da edição de um dos melhores álbuns de sempre da história do rock - OK Computer -, cumpre lembrar o documentário editado que serviu de discreto suporte à tournée que o acompanhou. 
Realizado pelo britânico Grant Gee, o filme foge de forma flagrante aos formatos convencionais, funcionando como um documento introspectivo e quase esquizóide acerca dos meandros do estrelato e da indústria musical. Em lugar da atmosfera festiva e de comunhão, geralmente associada à vida na estrada de qualquer banda rock que se preze, Meeting People Is Easy é abraçado por uma atmosfera estanque, quase angustiante, que se debruça sobre as agruras dos compromissos, a pressão de agradar, os demónios criativos e toda a mecânica quase kafkiana de editar um disco e divulgá-lo.
Os Radiohead constituem um caso totalmente à parte da música popular desde o seu surgimento. A despeito do sucesso que cedo os bafejou, foram desbravando caminhos por zonas impenetráveis, com uma persistente coragem de fugir à zona de conforto à qual poucos se atreveriam. 
Quase duas décadas após a sua edição, Meeting People Is Easy e o disco que o inspirou continuam mais actuais que nunca. Provavelmente porque foram proféticos na sua encenação do futuro e na inquietude que se impregnou no âmago das nossas existências. You Are A Target Market, lia-se no cartaz do filme aquando do seu lançamento em 1998. Retire-se agora o Market e confirme-se que tudo permanece idêntico.



          

The Rock



Se uma imagem vale mais que mil canções, Mick Rock existe para prová-lo. O fotógrafo britânico, nascido em 1948 e muitas vezes chamado The Man Who Shot The Seventies, ajudou a construir e a imortalizar a iconografia de eminências musicais como Iggy Pop, Syd Barrett ou David Bowie - especialmente na plenitude do alter ego Ziggy Stardust.
Autor de vários livros incontornáveis e alvo de exposições contínuas à volta do globo, Mick Rock consolidou o estatuto de fotógrafo dos fotógrafos do universo Pop Rock pelo estatuto quase mítico do seu trabalho. E, como uma imagem vale mais que mil palavras, nada como visitar o repositório oficial do seu longo e impressionante trabalho. O mesmo não guarda somente parte da história visual da música das últimas décadas. Guarda muito do nosso imaginário e da forma como bandas e artistas tiveram um percurso formativo e influente na construção das nossas personalidades melómanas.