No ano em que se celebram 20 anos da edição de um dos melhores álbuns de sempre da história do rock - OK Computer -, cumpre lembrar o documentário editado que serviu de discreto suporte à tournée que o acompanhou.
Realizado pelo britânico Grant Gee, o filme foge de forma flagrante aos formatos convencionais, funcionando como um documento introspectivo e quase esquizóide acerca dos meandros do estrelato e da indústria musical. Em lugar da atmosfera festiva e de comunhão, geralmente associada à vida na estrada de qualquer banda rock que se preze, Meeting People Is Easy é abraçado por uma atmosfera estanque, quase angustiante, que se debruça sobre as agruras dos compromissos, a pressão de agradar, os demónios criativos e toda a mecânica quase kafkiana de editar um disco e divulgá-lo.
Os Radiohead constituem um caso totalmente à parte da música popular desde o seu surgimento. A despeito do sucesso que cedo os bafejou, foram desbravando caminhos por zonas impenetráveis, com uma persistente coragem de fugir à zona de conforto à qual poucos se atreveriam.
Quase duas décadas após a sua edição, Meeting People Is Easy e o disco que o inspirou continuam mais actuais que nunca. Provavelmente porque foram proféticos na sua encenação do futuro e na inquietude que se impregnou no âmago das nossas existências. You Are A Target Market, lia-se no cartaz do filme aquando do seu lançamento em 1998. Retire-se agora o Market e confirme-se que tudo permanece idêntico.