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26 de abril de 2009
Meditations
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9 de abril de 2009
Krautrockbible
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O ex-vocalista dos Teardrop Explodes escreve sobre esta música e sobre o folclore que a rodeia com um entusiasmo e uma subjectividade ao mesmo tempo sinceros e coloridos, o que torna o livro um acto de reverência de um adepto fervoroso do krautrock, ao invés de mais uma insípida verborreia de qualquer crítico musical.
Para além da narração apaixonada de episódios lendários, orgias massivas, uso e abuso de psicotrópicos e tarologia, Cope elabora a sua lista dos 50 melhores discos de sempre dentro deste género, mostrando alguns deles ao mundo pela primeira vez como as obras-primas inestimáveis e insubstituíveis que são, da genialidade musical que encerram às belíssimas capas que as guardam...
Infelizmente, o livro encontra-se esgotado há bastante tempo, não havendo previsões para a sua reedição. É possível encontrar cópias usadas no e-Bay ou no Amazon, ou, se o culto roçar o fanatismo, tentar a sorte em qualquer alfarrabista da londrina Charing Cross. À guisa de conclusão, apresento um guia descritivo, mas sem alma, desta corrente, denominado The Crack In The Cosmic Egg. Um resumo significativo do mesmo pode ser encontrado aqui. Ninguém lhe tira o mérito de ser um compêndio exaustivo, mas não pode ser comparado à obra fundamental e dedicada do druída de Tamworth.
8 de abril de 2009
Par-delà la Moule
Os belgas dEUS constituíram uma das maiores surpresas musicais dos inícios da década de 90. O seu primeiro álbum, Worst Case Scenario, debitava ambiências várias e uma amálgama de influências e estilos numa catadupa vertiginosa. Captain Beefheart, Tom Waits, Velvet Underground e Sonic Youth pareciam ter sido apanhados em Antuérpia por uma rede de borboleta e cristalizados para a posteridade em 14 canções. O tom arty elegante e decadentemente europeu característico de temas como Suds & Soda, Let's Get Lost ou a espiral melancólica de Hotellounge (Be The Death of Me) impregnou (felizmente) muito bar do Bairro Alto e desviou algumas inteligentes atenções de coisas como o datado grunge... Após tão auspiciosa estreia, os dEUS superaram a corriqueira crise do segundo álbum, lançando o excelso In A Bar, Under The Sea, em tudo superior ao anterior registo e um dos melhores álbuns dos anos 90. Pelo meio fica o curioso EP My Sister = My Clock (ideal para brincar às escondidas com o nosso próprio cérebro). Compêndio de excelentes canções e experiências sónicas, é difícil encontrar destaque no meio de tanta coerência... Fell Off The Floor, Man é um delírio surrealista e intoxicante, música virada do avesso em que o inesperado surge a cada esquina; Little Arithmetics é fluída como chuva a escorrer por telhas; Gimme The Heat é uma micro-sinfonia em crescendo, tal como o conflito amoroso que lhe dá mote e que nunca é resolvido; Serpentine é uma elegia cinzenta, em que a solidão parece algo intermitente mas resignável; Nine Threads possui elementos nocturnos e fumarentos característicos de qualquer jazz, mas, neste caso específico, de jazz do Benelux; For The Roses é tensão latente, film noir melódico com anti-clímax mais que provável; Theme From Turnpike é um groove escuro e pleno de inflexões jazzísticas, que serviu de tema à curiosa película que antecede este desabafo. A partir daqui, os dEUS foram enveredando por vias mais convencionais, curiosamente agradando sempre ao público universitário lusitano... The Ideal Crash é um álbum sólido em qualquer parte do mundo, mas sem arriscar tanto como os seus antecessores. O mesmo se pode dizer dos dois que lhe seguiram e que ficam bem em qualquer estante, mas não se tornam obsessivamente imperiosos em termos de escuta. Para obsessão auditiva, mais vale o único e lunar álbum dos Moondog Jr. de Stef Kamil Carlens, ponto de paragem entre o seu abandono dos dEUS (curiosa conjunção...) e a formação dos Zita Swoon. Para além da música magistral, um álbum intitulado Everyday I Wear A Greasy Black Feather On My Hat merece certamente uma audição...
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