A música de Kevin Ayers parece sempre ter assentado no mais puro hedonismo. Membro da primeira formação dos Soft Machine, Ayers encetou uma carreira a solo no final dos anos 60, lançando o seu primeiro álbum, intitulado Joy Of A Toy, em 1969. Desde logo, a sua música deu mostras vincadas de ser uma mistura entre melodias folk bucólicas, mas carregadas de psicadelismo, e de um surrealismo irónico e, por vezes, inusitado, como se os emergentes Monty Python dessem uma ou outra dentada nas canções. Cantor do vinho, da comida, das mulheres e de outros prazeres terrenos que lhe surjam à mente, Kevin Ayers representa uma visão romantizada de um certo tipo de decadência tipicamente europeu, bem como um intérprete de canções acerca de substâncias ilícitas em tom de trovador medieval. Em álbuns divinais como Whatevershebringswesing ou Bananamour, encontramo-nos perante um festim dionisíaco nos bosques da Cornualha. Músico errante, nunca obteve o reconhecimento merecido do grande público. A sua laid-back posture nunca lhe permitiu competir por um lugar na 1ª divisão de cantautores, tal como o comprova o novo álbum The Unfairground, lançado em 2007, 15 anos depois do seu último longa-duração... Mas nada melhor para véspera de fim-de-semana que uma injecção de hedonismo em voz de barítono...