Romantismo negro. Gótico e exacerbado. A austeridade vitoriana do piano e a poesia sepulcral. Como se Byron e as irmãs Brontë decidissem trocar correspondência além-túmulo. David Tibet, mentor dos Current 93, assina em Soft Black Stars uma obra tão bela quanto niilista, tão doce quanto desencantada.
As musas que assombram estas declamações / ruminações não são belas, muito menos luminescentes. O piano apenas acentua a solidão e o vazio. Esta música não oferece quase nada. Somente a saída de um quarto fantasmagórico e cheio de teias de aranha em direcção à noite. Uma noite fria, escura, de ruas desertas, que apenas acentuam a conclusão de que nascemos sós e assim perecemos. A nostalgia da infância perante a certeza da morte. O abandono de Deus. A procura do amor eterno, apesar de efémero. O pesadelo que nos acorda de madrugada. David Tibet continua a lembrar-nos de tudo o que fazemos os possíveis por esquecer e Soft Black Stars é um contínuo poema bruxuleante, um espelho de medos e fantasias arcaicas que nunca nos abandonaram.