Godbluff assinala o regresso dos Van der Graaf Generator, após um hiato de quatro anos. O seu antecessor, o monstruoso Pawn Hearts, pôs ponto final à primeira fase da existência da banda britânica. A separação, amigável, levou o líder Peter Hammill a mergulhar a solo em águas mais profundas, resultando nalgumas das suas obras mais romanticamente escuras e sonicamente extremas. Os seus três colaboradores constantes editariam apenas um longa-duração durante este interregno - um disco totalmente instrumental, sereno e atmosférico, nos antípodas dos VdGG e sob o pseudónimo The Long Hello.
Juntos novamente em 1975, os anjos negros do rock progressivo evoluíram e convergiram para uma sonoridade mais densa e coesa, revelando um certo abandono pela complexidade técnica a favor de sólidas ambiências. Num renascimento ponderado e subtil a partir de despojos bombásticos e viscerais, os VdGG de Godbluff voltaram mais sombrios que nunca. Mas sempre incatalogáveis, sem cedências e sem precisarem de guitarras para serem electrizantes. Desta vez, será a música a descrever-se a si própria. Um imortal concerto captado na Bélgica em 1975, guardou para a posteridade a interpretação integral dos quatro temas de Godbluff. Este será, igualmente, o documento definitivo para apreciar os ingleses no início da sua melhor e mais prolífica fase - no espaço de um ano editariam ainda a obra-prima Still Life e o mais abrasivo World Record. Que as luzes se apaguem e se dê início ao espectáculo...