O Verão de 1999 foi invadido e sarapintado pelos sons sobrenaturais dos Olivia Tremor Control. A música bela e surreal dos norte-americanos, mergulhada em mares lisérgicos e domando magistralmente o psicadelismo, ganhou corpo num disco sem tempo, uma obra-prima chamada Black Foliage: Animation Music Vol. 1.
A dimensão onírica que povoa este registo não acontece por acaso: durante meses, os Olivia Tremor Control inspiraram-se em excertos de sonhos pedidos aos seus fãs. Fizeram gravações de campo ao melhor estilo da música concreta e adicionaram-lhes as suas melodias alucinogéneas, o que resultou num disco tão encantador como exploratório e esquizofrénico.
Black Foliage é, efectivamente, atravessado por diversas camadas de consciência, sucessivas clivagens e ambiências caleidoscópicas de sonhos despertos e abismos ilusórios.
Um surrealismo derivado de Dali transborda da capa e, se a música tivesse cor, a dos Olivia Tremor Control seria uma explosão clara e escura, multicolorida. A máquina psicadélica de sons estranhos e indefiníveis não pára de mover-se, orquestrando uma teia ao longo dos 27 temas que compõem o disco. No imediato, surgem à ideia Magical Mystery Tour dos Beatles e o mítico Smile dos Beach Boys, obras que encerram o espírito de estios tão imaculados como intoxicados. As melodias mais deliciosas e sumarentas são intercaladas por momentos de puro delírio que desafiam as convenções. As vocalizações erguem-se, harmónicas e emotivas, mas ao mesmo tempo distantes e a riqueza de detalhes é uma constante, o que impede que o disco seja absorvido numa única audição. Exige tempo e abertura mental para deixar escorrer a sua luxuriante torrente musical.
A Familiar Noise Called "Train Director", Hideaway, A Sleepy Company, I Have Been Floated, Black Foliage (Itself), The Sylvan Screen, California Demise (3) e Hilltop Procession (Momentum Gaining) são estilhaços imprescindíveis em qualquer vitral psicadélico de excelência. Obras-primas absolutas na arte de criar pequenas canções fervilhantes de sonho e fantasia. Tal como o precipício demencial de The Bark and Below It, o negativo escuro e labiríntico das luminosas florestas sónicas que com ele coabitam.
Music for the Unrelased Film Script: Dusk at Cubist Castle, o primeiro álbum dos Olivia Tremor Control, é também muitíssimo aconselhável. Mas é no seu sucessor que a banda da Louisiana depura a sua arte, se revela em pleno e nos arrebata sem pudor nem misericórdia. Já disse que é uma obra-prima? E o Verão que nunca mais chega...
A dimensão onírica que povoa este registo não acontece por acaso: durante meses, os Olivia Tremor Control inspiraram-se em excertos de sonhos pedidos aos seus fãs. Fizeram gravações de campo ao melhor estilo da música concreta e adicionaram-lhes as suas melodias alucinogéneas, o que resultou num disco tão encantador como exploratório e esquizofrénico.
Black Foliage é, efectivamente, atravessado por diversas camadas de consciência, sucessivas clivagens e ambiências caleidoscópicas de sonhos despertos e abismos ilusórios.
Um surrealismo derivado de Dali transborda da capa e, se a música tivesse cor, a dos Olivia Tremor Control seria uma explosão clara e escura, multicolorida. A máquina psicadélica de sons estranhos e indefiníveis não pára de mover-se, orquestrando uma teia ao longo dos 27 temas que compõem o disco. No imediato, surgem à ideia Magical Mystery Tour dos Beatles e o mítico Smile dos Beach Boys, obras que encerram o espírito de estios tão imaculados como intoxicados. As melodias mais deliciosas e sumarentas são intercaladas por momentos de puro delírio que desafiam as convenções. As vocalizações erguem-se, harmónicas e emotivas, mas ao mesmo tempo distantes e a riqueza de detalhes é uma constante, o que impede que o disco seja absorvido numa única audição. Exige tempo e abertura mental para deixar escorrer a sua luxuriante torrente musical.
A Familiar Noise Called "Train Director", Hideaway, A Sleepy Company, I Have Been Floated, Black Foliage (Itself), The Sylvan Screen, California Demise (3) e Hilltop Procession (Momentum Gaining) são estilhaços imprescindíveis em qualquer vitral psicadélico de excelência. Obras-primas absolutas na arte de criar pequenas canções fervilhantes de sonho e fantasia. Tal como o precipício demencial de The Bark and Below It, o negativo escuro e labiríntico das luminosas florestas sónicas que com ele coabitam.
Music for the Unrelased Film Script: Dusk at Cubist Castle, o primeiro álbum dos Olivia Tremor Control, é também muitíssimo aconselhável. Mas é no seu sucessor que a banda da Louisiana depura a sua arte, se revela em pleno e nos arrebata sem pudor nem misericórdia. Já disse que é uma obra-prima? E o Verão que nunca mais chega...