O projecto Elektriktus é uma estrela isolada na constelação de lavores do músico italiano Andrea Centazzo. Mais inspirado por estéticas avant-garde e pelo jazz improvisado, editou em 1976 um disco de nome Electronic Mind Waves que o aproximou perigosamente dos devaneios cósmicos alemães desse período.
Esta obra misteriosa principia com uma descarga de sons cintilantes e agudos, que agulham os ouvidos como se quisessem purgar a mente de qualquer pensamento para a invadir sem resistências. Chama-se Frequencer Departure e dilui-se progressivamente na siamesa Flying At Day-Break até que o ataque se resume a um murmúrio espumoso e flutuante.
First Wave sincroniza os padrões, emitindo ondas sonoras cadentes e repetitivas sobre um ritmo fixo e maquinal. Mais duas ondas se seguirão, a primeira vibrante e fluida, a segunda apaziguadora e suspensa. Pelo meio instalam-se Power Hallucination, devaneio sombrio que pinga gotas electrónicas e sopra ventos cibernéticos, e Implosion, nova espiral que combina melodias circulares a envolvências meditativas, a tendência geral do disco. É igualmente em círculo que Electronic Mind Waves se fecha no final. Primeiro com o balsâmico e planante Flying At Sunset e depois com o cair do pano definitivo de Frequencer Arrival. Volta a acupunctura sonora, mas desta vez em tons graves e crepusculares.
Da aurora ao ocaso, a única obra do percussionista Andrea Centazzo sob a denominação Elektriktus é uma preciosidade a descobrir e valorizar. As influências germânicas são de sobremaneira evidentes (Kraftwerk e Neu! nos temas mais ritmados, Conrad Schnitzler e Cluster nas peças mais atmosféricas), mas a paixão e a frescura que vibram neste disco demonstram mais inventividade que mero decalque. E Electronic Mind Waves pode muito bem ser a melhor referência da Itália como satélite da música cósmica.