Desta feita, o autor debruça-se sobre a extrema e, por vezes, hermética, complexidade que faz da espécie humana aquilo que ela é. Partindo do particular para o geral, dos genes para os signos, do biológico para o cultural, Pio Abreu demonstra perfeitamente que é possível escrever sobre temas científicos e filosóficos de forma clara e acessível. Através de uma prosa escorreita e, a espaços, bem-humorada, o livro conta ao leitor a história da evolução da vida do ser humano, desde a involuntária fecundação do óvulo, à voluntária escolha da sua identidade num mundo carregado de possibilidades. No final, fica perene a ideia de que, mesmo perante a multiplicidade de opções, de culturas, de religiões, de relações que constituem o mundo do Homem moderno, a sua identidade será sempre condicionada pela herança genética que transporta. É ela que o faz agir daquela forma, naquela altura, perante aquela situação. Os genes fazem-no para sobreviver, os signos também, e o Homem está condenado eternamente a perseguir a sua liberdade total. Uma obra do maior interesse e excelente como ponto de partida para futuros desbravamentos de Umberto Eco, Michel Foucault, Jean-Paul Sartre ou Daniel Dennett. Mais sobre este progressivamente influente autor aqui.