Chegaram a chamar-se Silmarillion, emanando óbvias reminiscências Tolkienescas. Para evitar artritos, cingiram-se ao nome Marillion e assim prosseguiram ao longo dos anos 80 até hoje. Liderados no início pelo carismático e gigantesco Fish, os seus 4 primeiros álbuns são paragem obrigatória para qualquer fã de rock progressivo que tenha a certeza que o estilo não pereceu em 1976. À medida que foram avançado pelos anos fora, foram sucessiva e infelizmente perdendo os traços mais obscuros, fantasiosos e poéticos do estilo prog. Em 1983, baralharam tudo e todos, fazendo aterrar o seu OVNI dinossáurico em território dominado por neo-românticos e pelo tímido despontar do rock alternativo. Com as suas longas canções e encenações descendentes em linha directa dos Genesis do seus tempos áureos (que é o mesmo que dizer, com Peter Gabriel), podemos traçar uma evidência gritante entre os percursos artísticos das duas bandas. De geniais e influentes a horripilantes, quer uma quer outra começaram arrojadamente, mas espalharam-se ao comprido quando renegaram as suas origens e quiseram conquistar as tabelas de vendas, fingindo-se modernaços. No caso particular dos Marillion, ficamos encantados com o lancinante abandono de Script of a Jester's Tear, começamos a torcer o nariz com Incommunicado e uivamos de dor com qualquer coisa que Steve Hogarth, o substituto de Fish, nos apresente depois de 1992. Há muito que os Marillion já não são o que um dia nos intuiram, os porta-estandartes de uma segunda vaga do progressivo. Não sabemos o que os leva a prolongar uma carreira sem um único lampejo das glórias passadas. Somente essas glórias são dignas de reviver, em temas como o que se segue, em que o melhor dos Genesis e dos Van der Graaf Generator convergem na teatralidade destroçada de Fish.