Em 1972, antes de saírem fora de órbita com The Dark Side of The Moon e ficarem por lá, os Pink Floyd eram uma das forças criativas mais excepcionais e inovadoras deste planeta (e talvez de mais uns quantos...). Editado durante o período do superlativo álbum Meddle, Live at Pompeii é um concerto-documentário refinadíssimo e seminal.
Visualmente expansivo e impressionante, o filme entrelaça o intimismo da banda em estúdio com prestações memoráveis nas ruínas da lendária cidade devastada. Os ingleses devaneiam na beatitude mediterrânica, comem ostras, descrevem a sua música e apresentam-nos um quinto elemento da banda surpreendente e que parece não ficar indiferente ao som da harmónica. As gravações ao vivo são sublimes e panorâmicas, tornando enormes clássicos cósmicos como Set The Controls For The Heart of The Sun e A Saucerful of Secrets. O manto flutuante de Careful With That Axe, Eugene recebe igualmente tratamento majestoso.
Esta seria a última vez que veríamos os Pink Floyd tão perto. Live at Pompeii é um documento histórico por essa razão. O grupo que já era gigante passou a ser gargantuano. Até ao ponto em que se viam mais luzes e equipamento que quatro homens a tocar. Foi aí que Johnny Rotten, dos futuros Sex Pistols, saiu à rua com uma t-shirt onde se lia I Hate Pink Floyd. Veja-se este filme, ainda mais apelativo na versão Director's Cut, para relembrar uma época em que ser revolucionário era dizer I Love Pink Floyd.