Tal como em todas as artes, existe igualmente humor intemporal. Aquele que se inspira nos imutáveis ridículos, fraquezas e idiossincracias do ser humano e que assenta que nem uma luva em tempos agrestes como o que nos coube suportar actualmente. Humor negro para tempos negros, é isso que podemos encontrar na obra do norte-americano Denis Leary. Homem dos sete ofícios no que toca às câmaras, Leary alicerçou a sua notoriedade pelos controversos e bombásticos espectáculos de stand-up comedy. Não poupando nada nem ninguém à sua visão sardónica e corrosiva do mundo em geral e da sociedade americana em particular, performances como No Cure for Cancer ainda arrancam risos escandalizados. Quem conseguir, que conte o número de cigarros fumados e cervejas ingeridas durante esta actuação, simultaneamente temas e adereços usados por Leary enquanto arrasa com o politicamente correcto qual bulldozer desgovernado.
No Cure for Cancer data de 1993 e foi editado em filme, livro e disco. Um improvável caso de sucesso tendo em conta o teor da mensagem e que, apesar de um pouco datado nesta ou naquela piada, ainda é capaz de convencer as mentes mais taciturnas, deste que sejam abertas...