O primeiro album de Joachim Ehrig, artisticamente conhecido como Eroc, foi lançado em 1975. Misto de guitarras e electrónica, esta obra apresenta momentos sublimes e ricos em textura e melodia. Após uma breve introdução, chega Kleine Eva, peça avassaladoramente bela na sua simplicidade e minimalismo e que, à medida que se vai revelando, nos pode transportar cada vez para mais longe ou fazer-nos retornar a um ambiente in utero. Uma autêntica miríade hipnótica de sons que funciona como uma canção de embalar cósmica e convida à meditação. Músicas como esta poderiam durar para sempre... O tom prossegue com Des Zauberers Traum, que parece suspender-nos no espaço e no tempo e faz-nos sentir como serpentes à mercê de um qualquer encantador. O encantamento quebra-se, contudo, com a chegada de Die Musik Vom "Oldberg", em que Mozart parece encarnar num sintetizador dos anos 70 e nos agarra num breve e repentino vaudeville electrónico. Surge em seguida Chaotic Reaction, interlúdio preenchido por tambores africanos frenéticos, colagens sonoras e um orgão jazzístico que irá desembocar na guitarra refrescante e planante que preenche a belíssima Norderland. Segue-se o experimentalismo de Horrorgoll, pleno de ambientes sombrios, sobreposições electrónicas e vozes sampladas, que nos confronta pela primeira vez com o sonho mau que podemos ter mesmo adormecendo no paraíso. Sternchen, faixa onde a guitarra impera novamente, parece voltar a transportar-nos para um mundo distante, fazendo-nos levitar para depois nos mergulhar num mar de reverb. Segue-se Teenage Love '69, cujo título diz tudo. Uma guitarra ensolarada e sentida provoca reminiscências de um amor há muito vivido, do mistério da descoberta de outros lábios e de outra pele, da nostalgia da perda da inocência. Talvez o mais teutonicamente parecido com saudade... E o sentimento de nostalgia prossegue com Abendfrieden, mais uma peça de música tão poderosa quanto frágil, breve mas penetrante. Ostergloingg parece tentar remendar memórias de um Verão há muito passado, soando a música feita com instrumentos quebrados e o disco chega ao fim com Andromeda, despedida feita sem preparação prévia e atabalhoada como são quase todas. Soa a partida, mas também ao princípio de algo. Algo que parece brilhar...