Ao abandonar os Kraftwerk, Florian Schneider põe termo a 40 anos de colaboração com a mais grandiosa e influente de todas as bandas electrónicas. A aventura começou em 1969, no colectivo Organisation, cujo único álbum, Tone Float, assemelha-se mais a um conjunto de mantras krautrock improvisados e não indicia o que os Kraftwerk viriam a fazer nos anos 70, em obras seminais como Autobahn ou Trans-Europe Express. A meticulosidade das melodias, fáceis de ouvir, mas ao mesmo tempo tão austeras nas formas e na frieza e o ritmo mecânico e cibernético, pleno de disciplina germânica, mas igualmente dançável, constituem o centro nevrálgico desta banda futurista mas intemporal. Em conjunto com Ralf Hutter, Florian Schneider foi o grande cabecilha destes inventivos teutónicos. Techno, trance e electro são estilos musicais que não existiriam sem eles. Para relembrar um trajecto de génio, nada como penetrar nas brumas do tempo. Rückzuck, tema aqui apresentado pelos Organisation, viria a ser a primeira faixa do primeiro álbum dos Kraftwerk. Schneider está na flauta, mas provavelmente o expansivo percurssionista será o showstopper...