É preciso coragem e dedicação para acompanhar a carreira discográfica da banda. São mais de meia centena as gravações editadas desde 1996 até à data. Por entre a catadupa de lançamentos, o ecletismo perdura, mas são flagrantes as influências do psicadelismo mais duro, do space rock mais sci-fi e do improviso em regime freak-out. Basta um fugaz vislumbre de alguns dos títulos do colectivo para confirmar as homenagens: Monster of the Universe; Does the Cosmic Shepherd Dream of Electric Tapirs?; Absolutely Freak Out "Zap Your Mind!".
Preparemos, então, os tímpanos para uma das obras mais emblemáticas dos Acid Mothers em todas as suas manifestações: o monstruoso Electric Heavyland, de 2002. O fantasma de Hendrix paira, desde logo, no nome, mas o disco é um maciço apocalíptico que transcende o deus das seis cordas. Irrompem das colunas eflúvios de guitarra, improvisos diabólicos, ecos da Detroit proto-punk e alucinogéneos em abundância.
Atomic Rotary Grinding God é uma gigantesca roda em chamas, disparando chispas em todas as direcções. Encontra-se acoplada a Quicksilver Machine Head e ambas são um monstro bicéfalo, uma encruzilhada onde acontece o rendez-vous entre o krautrock mais vulcânico e os Stooges de Funhouse. E não há neurónio que não fique chamuscado perante semelhante simbiose...Preparemos, então, os tímpanos para uma das obras mais emblemáticas dos Acid Mothers em todas as suas manifestações: o monstruoso Electric Heavyland, de 2002. O fantasma de Hendrix paira, desde logo, no nome, mas o disco é um maciço apocalíptico que transcende o deus das seis cordas. Irrompem das colunas eflúvios de guitarra, improvisos diabólicos, ecos da Detroit proto-punk e alucinogéneos em abundância.
A radical e ululante vocalista Cotton Casino (que faz Yoko Ono parecer Susan Boyle) estende o tapete vermelho a Loved and Confused, um vácuo demencial incinerado por guitarras drone e electrónicas espaciais. São 17 minutos esmagadores e gargantuanos, um dos mais pesados grooves que já ouvi.
No limiar da eternidade que parece ter já passado, desponta Phantom of Galactic Magnum. Se o nome parece um híbrido entre os títulos palavrosos dos Tangerine Dream e os Yes, a música abate-se sobre nós como uma torre de som a implodir. Algures entre o psicadelismo mais insano e o ruído puro, este tema é a perfeita súmula da viagem cósmica. Um querido amigo portuense contou-me uma história curiosa aquando da passagem da banda pel' O Meu Mercedes É Maior Que O Teu: no término do concerto, o guitarrista e líder Kawabata Makoto pousou o instrumento, abandonou o recinto e foi sentar-se à beira do Douro, envolto em silêncio. Após ouvir Electric Heavyland, é provável que o silêncio nunca mais seja o mesmo. Assim parece cumprir-se o desígnio do colectivo nipónico: The freakout group for the 21st' century...