
Kenneth Anger, 83 anos, é um dos maiores realizadores de culto da história da sétima arte. Um cineasta vanguardista, experimental e, acima de tudo, anti
-establishment. Homossexual assumido desde a época em que esta orientação era ilegal nos E.U.A., Anger sempre maquilhou os seus filmes, como
Fireworks ou
Scorpio Rising com uma enorme carga homoerótica
. Codificada e mascarada, como não podia deixar de ser em tempos obscurantistas. Mas o sentido subversivo e subterrâneo da sua arte não se reteve nesta restrita área. O melhor da sua filmografia, composta exclusivamente por curtas metragens, assenta numa peculiar abordagem de temas ocultistas e esotéricos. Na linha divisória entre o místico e o
kitsch, películas como
Inauguration of the Pleasure Dome, Invocation of My Demon Brother e
Lucifer Rising, são um misto de criatividade cénica e de paganismo moderno. O imaginário de Aleister Crowley e da religião por ele fundada -
Thelema - carrega as obras de um flamejar ritualístico e os filmes são autênticos ícones da cultura
pop mais transgressiva.
Lucifer Rising, por exemplo, imiscui magistralmente
rock e cinema e contribui para percebermos o porquê de Kenneth Anger ser próximo de Mick Jagger, Marianne Faithfull ou Jimmy Page. Para além do culto que a envolve, a obra possui uma banda-sonora magnífica da autoria do problemático (e preso há quase 40 anos por assassinato...) Bobby Beausoleil. Aqui ficam Beausoleil
in his own words (
Fallen Angel Blues – the story of LUCIFER RISING) e a mítica obra.