Em boa hora temos assistido, durante o corrente ano, às reedições da obra da Jon Spencer Blues Explosion, o mais vistoso projecto do norte-americano. Tem a peculiariedade de ser um trio sem baixista e com uso consistente de theremin. Apresenta música embebida no petróleo dos blues e do rock'n'roll e incendiada pela chama do punk e do noise, libertando a energia básica das primeiras e mantendo-se igualmente vanguardista e experimental. Álbuns de genial e provocante delírio associados a electricidade demoníaca como Orange, Now I Got Worry ou Acme, têm sido revistos e expandidos, para gáudio dos adeptos deste colectivo subversivo. Quem não conhece, está mais que na hora de deslizar para este pântano infestado e assombrado igualmente por Gun Club, Cramps, Dead Moon ou White Stripes. Ah, quem me dera ver estes rapazes a abrilhantar uma gala dos Ídolos ou um programa de Júlio Isidro com a serenidade e presença dos grandes artistas. Mais ou menos assim:
4 de novembro de 2010
Blues Attack
Reza a lenda que Jon Spencer cresceu quase sem acesso à música na casa onde vivia. Que as únicas sonoridades que permeavam as paredes eram de velhos discos de blues e programas de rock'n'roll debitados pelas rádios locais de New Hampshire. Isto tem um fundo de verdade tão consistente como qualquer rumor, mas é romântico imaginar que o futuro líder dos radicalmente ruidosos Pussy Galore e membro honorário da banda da esposa, os Boss Hog, angariou a crueza da sua música a partir dessas primárias sonoridades.