A missão dos irmãos Seesselberg, Eckart e Wolf-J., começou por ser académica: mostrar ao mundo as capacidades e potencialidades dos sintetizadores, extraterrestres electrónicos para a maioria dos mortais dos inícios dos anos 70. Essas demonstrações levaram a que o duo alemão editasse para a posteridade um disco feito das suas próprias pirotecnias cibernéticas, algo que deve ter afugentado os melómanos mais incautos e classicistas da época mas que detém hoje uma imagem quase paterna para a descendência da música electrónica mais audaz e não conformista.
Surgido em 1973, o álbum Synthetic 1 arranca como o despertar de um sonho mau dos Kraftwerk. Uma sucessão de agudos alarmantes que põe os sentidos em alerta antes de se afundar num charco de bleeps e estática. A esta Overtüre segue-se uma série de peças de curta duração, que se assemelham a processadores com vida própria, desesperados por comunicar. A melodia é quase inexistente e, quando surge, é fria e descarnada, um fio conectado algures, perdido entre os demais. Como em Speedy Achmed ou no denso e tenso Was Dir Heute Freude Macht, Das Verschieb Nicht Über Nacht!.
O tema de maior duração tem um título à altura: Die Menschen Sind Glücklich, Sie Kriegen, Was Sie Begehren, Und Begehren Nichts, Was Sie Nicht Kriegen Können - Laubsägebastler, Briefmarkensammler Und Brieftaubenzüchter Bilden Das Rückgrat Der Menschheit. Mas são palavras a mais na idade dos porquês. A música é abstracta, elegíaca e foge da luz. Uma marcha fúnebre electrónica em subliminar crescendo até ao enterro final. Phönix aproxima-se da precedente em termos de duração, mas a monotonia escura e fria dá lugar a um pulsar constante, com picos e quebras de intensidade. Como ser largado na escuridão do espaço, ou passear sozinho pela desolação lunar.
Algures entre Stockhausen e Conrad Schnitzler no passado e Merzbow e os Autechre no presente, a fraternidade Seesselberg nunca passou da obscuridade nem do academismo. Synthetic 1 perdeu-se na bruma dos tempos e tornou-se um artefacto mais curioso que musical. No entanto, continua a haver um bizarro e apelativo charme neste disco. Como nas aulas a que assistíamos na faculdade só pelo prazer de ouvir o professor e sabendo que aquela matéria nunca teria aplicação prática.
Algures entre Stockhausen e Conrad Schnitzler no passado e Merzbow e os Autechre no presente, a fraternidade Seesselberg nunca passou da obscuridade nem do academismo. Synthetic 1 perdeu-se na bruma dos tempos e tornou-se um artefacto mais curioso que musical. No entanto, continua a haver um bizarro e apelativo charme neste disco. Como nas aulas a que assistíamos na faculdade só pelo prazer de ouvir o professor e sabendo que aquela matéria nunca teria aplicação prática.