25 de janeiro de 2017
Carne Crua
É bom saber que Nick Cave voltará em breve aos concertos. É no palco que o músico australiano se transcende e mais nos arrebata. Numa vida tão atribulada e cheia de percalços, a dor da perda de um filho levou à composição de um dos seus discos mais belos, tocantes e sombrios, Skeleton Tree. O que está para vir não trará, decerto, interpretações tão sanguíneas e viscerais como antigamente. Passaram-se 25 anos desde Live at the Paradiso, gravação de um concerto ao vivo no mítico clube de Amesterdão. Os tempos eram diferentes, a idade mais propícia a pirotecnias e o disco do momento chamava-se Henry's Dream. Todos sabemos que Nick Cave (com ou sem os seus Bad Seeds) envelheceu com graça, classe e sabedoria. O poético agitador de outrora deu lugar a um dos mais consagrados escritores de canções da actualidade. É bom saber que Nick Cave ainda nos mostra os caminhos tortuosos da sua alma. Tal como é reconfortante saber que a intensidade vibrante e excessiva do passado continua preservada para colmatar as saudades.