Alex Ross conta uma história do último século, tendo como ponto de partida a música e o período temporal em que ela mais se fragmentou, inovou, radicalizou e popularizou. Desde a quebra de convenções surgida com a audaz atonalidade das obras de Arnold Schoenberg, à contemporaneidade já impregnada de influências recentes e fracturantes de John Adams, O Resto é Ruído é uma obra essencial para quem queira conhecer os meandros da composição erudita dos cem anos que nos antecederam.
Ross consegue magistralmente, e em constantes rasgos de profundo know-how da matéria que disseca, traçar o percurso da música moderna, o porquê das suas convulsões e revoluções e a sua contaminação simbiótica e influente em fenómenos de massas como o rock, a pop e as bandas-sonoras de filmes. Isto sem deixar de lado uma leitura biográfica e de aspectos maioritariamente desconhecidos dos homens que dedicaram a sua vida à arte de criar sons no conturbado e mutante século que passou. É obra; é obra-prima e é a prova palpável que se pode escrever sobre música sem a descaracterizar ou desmistificar, provocando no leitor o desejo e a curiosidade de conhecer aqueles sons, descritos com fascínio e um rigor quase científico. A excelência deste livro tem sido louvada um pouco por todo o lado e vale a pena consultar as suas repercurssões e outros aspectos biográficos do autor em http://www.therestisnoise.com/.