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Para além do futuro Cluster Hans-Joachim Roedelius, o recentemente malogrado Conrad Schnitzler foi um dos fundadores do Zodiak. Juntamente com Wolfgang Seidel e o engenheiro de som Klaus Freudigmann, Schnitzler formou os embrionários Eruption, plantando, em 1970, uma das sementes mais obscuras e radicais da kosmische musik e que veria a luz do dia somente em 2006.
Eruption é construído nas ruínas de uma Alemanha devastada pela guerra e dominado por ambiências industriais e pós-apocalípticas. A expansividade cósmica que Schnitzler conseguiu pela mesma altura em Electronic Meditation, o primeiro álbum dos Tangerine Dream, é aqui substituída pelo caos controlado do experimentalismo licencioso. O som é inóspito e agressivo, investindo como uma nuvem negra carregada de ecos e distorções, ritmos despedaçados, borrascas de guitarra, violino espectral e vozes inumanas.
Os sete temas que compõem o disco não possuem nome próprio e são indivisíveis do todo desta equação sonora. Um longo e frio manto cinzento cobre o ouvinte, como uma viagem em primeira classe pela desolação. Ao invés das flutuantes e hipnóticas sagas cósmicas do futuro, foram a electrónica punk e arquitectura industrial que começaram a ser desenhadas aqui. Lambidas as feridas, o espaço seria a fronteira final para a sublimação...