16 de agosto de 2011

Melofobia Moderna



Fear of Music: Why People Get Rothko But Don't Get Stockhausen é a mais recente provocação literária de David Stubbs. Este ensaísta e jornalista britânico, conhecido sobretudo pelos seus escritos nas revistas Wire e Uncut, assina agora um interessante livro sobre a dualidade de critérios e apreciações na arte moderna.
Stubbs parte da noção que obras de arte de grande abstraccionismo e experimentalismo em áreas como a pintura ou a escultura, são fonte de agrado e apreço para um número de pessoas muito elevado. Há quem pague fortunas por quadros de Mark Rothko e se perca embevecidamente a contemplar esculturas de Henry Moore. Porém, é bastante mais raro assistir ao genuíno êxtase de um ouvinte presenteado com uma obra de Karlheinz Stockhausen ou John Cage. A vanguarda e a audácia residem em todas elas, mas a recepção calorosa não se estende muitas vezes à música. Essencialmente, todas derivaram da mesmas correntes e beberam das mesmas influências (minimalismo, impressionismo, dadaísmo...), mas a música contemporânea mais arrojada continua a não atingir o mesmo estatuto. Será que os ouvidos são mais exigentes que os olhos? Será que o prazer sensitivo e a comunicação das artes variam de receptor para receptor? E a subjectividade? Reside em nós ou no objecto que admiramos, seja ele um quadro, uma fotografia ou uma peça de Xenakis?
Fear of Music é um livro que, mais que dar respostas, levanta questões. Pode parecer (e é) algo curto na vastidão da temática que procura esquadrinhar. Mas pode perfeitamente abrir caminho a mais investigações nesta matéria, principalmente ao nível da Psicologia. Quiçá não irei lá meter a colherada...