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Tre e Quattro Quarti enceta a mesma viagem que o tema anterior, mas encurta os passos. A vertente clássica transborda com intenção redobrada, assim como a reviravolta rock acentua a energia. Uma bizarra ponte entre arcaísmo e modernismo. Segue-se o tema-título, a confirmar que estamos perante um disco de grande beleza e não apenas um disco de um grande guitarrista. Ela, a guitarra, soa aqui como um objecto surreal, a raiar o electrónico. Quando a bruma se dissipa e deixa vislumbrar os traços do rock, ficamos perante um imaginativo exercício, em que o baixo gordo e a bateria algo funky administram um raro exotismo à hegemonia da guitarra.
Sonata Mediterranea é uma brisa morna e suave de folk italiana, que apetece ouvir junto ao Lago di Garda ou nas costas da Sardenha. Na companhia certa, pode ter efeitos afrodisíacos...
A última cascata de guitarra materializa-se em Mirage. A toada é a mesma que ficou para trás. Acrescente-se uns lampejos que trazem à memória o mais pastoral de Mike Oldfield e poderíamos estar numa versão transalpina da cena de Canterbury.
Riccardo Zappa é visto hoje em dia como um dos maiores (e melhores) guitarristas clássicos de Itália. Infelizmente, criatividade e virtuosismo parece terem seguido caminhos separados e a sua música há muito que não deslumbra como nas primeiras obras. Celestion pode, assim, ser considerado um dos últimos estertores da música de superlativa qualidade produzida na Itália dos anos 70. Devia haver um museu para exibi-la e conservá-la.