Os Sex Pistols nasceram (ou foram fabricados) em 1976, mas não custa nada imaginá-los hoje, a irromper lares adentro pela TV em horário nobre ou a esporear o puritanismo com alfinetes-de-ama. Assaltaram-nos quando o mundo musical se estava a transformar num tédio pomposo e o mundo real era um cigarro a arder esquecido num cinzeiro. Os dias que partilhamos deveriam igualmente ser partilhados por eles. Porque o mundo não melhorou desde que nos desafiaram a Nevermind the Bollocks. Deviam assinar um contrato discográfico em frente de uma agência de rating e re-dedicar No Feelings ao neoliberalismo fundamentalista.
Se existe uma expressão cliché, ela é Punk's Not Dead. Proliferou durante os anos 80, diminuiu nos anos 90 e pereceu definitivamente no novo milénio com o surgimento de nados-mortos como Green Day ou Blink 182. Aqui vai um pequeno auxiliar de memória do tempo em que os bois eram chamados pelos nomes. Um momento de ruptura que, mais ou menos artificial, deixou a marca de um ferro em brasa na pele de Inglaterra, revolucionou a cultura da juventude e devolveu a música pop à vox pop. Pela mão de Julien Temple, a segunda vez depois de The Great Rock'n'Roll Swindle, a voz foi dada ao Sex Pack. Entreguem-se, renovada e revoltadamente, à insubmissão.